A beleza que há em tudo
Rogel Samuel
Um mestre de meditação escreveu: "A felicidade reclama a aceitação dos outros, a simplicidade do coração e o deslumbramento do espírito". Dugpa Rinpochê era um monge budista que fugiu do Tibet durante a invasão chinesa, na companhia do Dalai Lama. Ele escrevia seus aforimos numa folhinha de papel, enrolava-o, meditava sobre aquele conteúdo, e depois, quando alguém o visitava, dava de presente ao visitante. Era sua oferta, seu mimo, seu regalo, uma dádiva, uma lembrança ao recém-chegado. Seus aforismos foram reunidos e traduzidos por minha amiga portuguesa Helena Melo, que me mandou.
Primeiramente ele morou em Dharamsala, depois em Nagarkot (na foto), no Nepal, a três mil metros de altitude, "à vista dos seus três cumes lendários: o Annapurna, o Melung Tse e a cordilheira do Everest, coroados de neve". Faleceu em Dharamsala em 1989.
É fácil encontrar seus "Preceitos de vida" na Internet. Durante trinta anos o velho monge recebeu pessoas que o procuravam pedindo orientação. Durante anos uso seus preceitos na minha vida. Durante muito tempo recebi inspiraçào de seus pequenos versos.
"A felicidade reclama a aceitação dos outros, a simplicidade do coração e o deslumbramento do espírito" significa, para mim, que minha felicidade está nos outros, depende deles, de eles estarem felizes. A simplicidade do coração põe em nós a volta da humildade, da alegria de uma criança. O deslumbramento do espírito é estar apaixonado pela vida exterior, pela paisagem do mundo, pela beleza que há em tudo.
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