(NA FOTO ADANA KAMBEBA)
A invenção do futebol pelos índios Cambebas
ROGEL SAMUEL
O futebol foi “descoberto” no Amazonas. Digo sempre isso.
Os Kambeba - ou Omágua (no Peru) - um grupo que deixou de se identificar como indígena e depois voltou a sê-lo com o crescimento do movimento indígena da década de 1980 e o reconhecimento dos direitos indígenas pela Constituição de 1988 – os Kambebas... inventaram o futebol.
Hoje, os Kambeba passaram novamente a se afirmar como índios e a lutar pelas causas indígenas.
Mas não lutam pelo título de inventores do futebol.
Eles “têm assumido uma posição destacada na região por sua grande capacidade de negociação e articulação política com outros grupos indígenas e com agências governamentais e não-governamentais, religiosas e laicas, da sociedade envolvente”.
Nesse ano de Copa, é lembrar alguns indiozinhos Cambebas que inventaram a bola, o futebol, a Copa, no Amazonas de 1744.
Como foi?
Quando La Condamine, em meados de 1744, descia o Rio Amazonas por inteiro, desde as montanhas peruanas até Bélem do Pará, viu uns indiozinhos jogando bola de látex, balata, na praia.
Maravilhou-se ele e trouxe a bola para a Academia das Ciências de Paris.
Lá, triunfante, jogou a bola no chão, num escândalo, para todos os sábios.
No dia seguinte, publicaram os jornais: "Estranho objeto desafia a lei da gravidade".
Ao látex, La Condamine chamou de "caoutchouc", dizendo viria a ser de grande valor industrial, e que os portugueses aprenderam dos omáguas, discípulos dos Incas, que já o conheciam, sua extração e beneficiamento.
Alguns autores dizem que Colombo já a conhecera no Haiti.
Assim afirma o Mestre amazonense João Nogueira da Mata, em "Biografia da borracha", de 1978, que tenho com sua dedicatória.
Lembro-me de Ademir da Guia. Não o jogador, mas o poema de João Cabral. Pois o látex é uma gosma grudenta como cola:
Ademir impõe com seu jogo
o ritmo do chumbo (e o peso),
da lesma, da câmara lenta,
do homem dentro do pesadelo.
Ritmo líquido se infiltrando
no adversário, grosso, de dentro,
impondo-lhe o que ele deseja,
mandando nele, apodrecendo-o.
Ritmo morno, de andar na areia,
de água doente de alagados,
entorpecendo e então atando
o mais irrequieto adversário.
Sobre os nossos índios, o poeta Jorge Tufic escreveu:
“Da antigüidade seletiva dos tucanos,
muras e cambebas?
Lembras-te, por acaso,
da bola de sernambi que estes últimos
te deram, ainda em pleno século XVII,
e do jogo que eles jogavam
num campo sem traves e sem torcidas?
Numa rede de dormir
os brancos degustam teu massacre
mas olvidam o teu legado,
esse imenso legado que sucedera ao jugo,
impiedoso e cruel,
daqueles teus primeiros habitantes,
plantadores de sombras,
raízes da terra.
A língua franca dos mitos
e do lendário esquecido".
Os Cambebas são um grupo indígena que habita o médio rio Solimões, no estado brasileiro do Amazonas, mais precisamente nas Áreas Indígenas Barreira da Missão, Igarapé Grande, Jaquiri e Kokama.
Na realidade, só existiam 347 cambebas em 2006.
A invenção do futebol pelos índios Cambebas
ROGEL SAMUEL
O futebol foi “descoberto” no Amazonas. Digo sempre isso.
Os Kambeba - ou Omágua (no Peru) - um grupo que deixou de se identificar como indígena e depois voltou a sê-lo com o crescimento do movimento indígena da década de 1980 e o reconhecimento dos direitos indígenas pela Constituição de 1988 – os Kambebas... inventaram o futebol.
Hoje, os Kambeba passaram novamente a se afirmar como índios e a lutar pelas causas indígenas.
Mas não lutam pelo título de inventores do futebol.
Eles “têm assumido uma posição destacada na região por sua grande capacidade de negociação e articulação política com outros grupos indígenas e com agências governamentais e não-governamentais, religiosas e laicas, da sociedade envolvente”.
Nesse ano de Copa, é lembrar alguns indiozinhos Cambebas que inventaram a bola, o futebol, a Copa, no Amazonas de 1744.
Como foi?
Quando La Condamine, em meados de 1744, descia o Rio Amazonas por inteiro, desde as montanhas peruanas até Bélem do Pará, viu uns indiozinhos jogando bola de látex, balata, na praia.
Maravilhou-se ele e trouxe a bola para a Academia das Ciências de Paris.
Lá, triunfante, jogou a bola no chão, num escândalo, para todos os sábios.
No dia seguinte, publicaram os jornais: "Estranho objeto desafia a lei da gravidade".
Ao látex, La Condamine chamou de "caoutchouc", dizendo viria a ser de grande valor industrial, e que os portugueses aprenderam dos omáguas, discípulos dos Incas, que já o conheciam, sua extração e beneficiamento.
Alguns autores dizem que Colombo já a conhecera no Haiti.
Assim afirma o Mestre amazonense João Nogueira da Mata, em "Biografia da borracha", de 1978, que tenho com sua dedicatória.
Lembro-me de Ademir da Guia. Não o jogador, mas o poema de João Cabral. Pois o látex é uma gosma grudenta como cola:
Ademir impõe com seu jogo
o ritmo do chumbo (e o peso),
da lesma, da câmara lenta,
do homem dentro do pesadelo.
Ritmo líquido se infiltrando
no adversário, grosso, de dentro,
impondo-lhe o que ele deseja,
mandando nele, apodrecendo-o.
Ritmo morno, de andar na areia,
de água doente de alagados,
entorpecendo e então atando
o mais irrequieto adversário.
Sobre os nossos índios, o poeta Jorge Tufic escreveu:
“Da antigüidade seletiva dos tucanos,
muras e cambebas?
Lembras-te, por acaso,
da bola de sernambi que estes últimos
te deram, ainda em pleno século XVII,
e do jogo que eles jogavam
num campo sem traves e sem torcidas?
Numa rede de dormir
os brancos degustam teu massacre
mas olvidam o teu legado,
esse imenso legado que sucedera ao jugo,
impiedoso e cruel,
daqueles teus primeiros habitantes,
plantadores de sombras,
raízes da terra.
A língua franca dos mitos
e do lendário esquecido".
Os Cambebas são um grupo indígena que habita o médio rio Solimões, no estado brasileiro do Amazonas, mais precisamente nas Áreas Indígenas Barreira da Missão, Igarapé Grande, Jaquiri e Kokama.
Na realidade, só existiam 347 cambebas em 2006.
Um comentário:
Olá Rogel Samuel!
Sou Márcia Wayna Kambeba, indígena Omágua/Kambeba, e li seu texto a respeito do meu povo, sobre o látex e a bola achei interessante é isso mesmo, os Omágua/Kambeba faziam suas bolas e muitos outros objetos com látex como botinas e utensílios domésticos, a bota tbm foi invenção dos Omagua/Kambeba... depois que La Condamine leva a bola e descobre sua importância surge o primeiro objeto feito de látex a que eles batizaram de APAGADOR DE ÍNDIO em homenagem ao povo que descobriu, esse objeto foi a borracha de apagar...bom, eu apenas em seu texto não concordo com o tatal populacional que vc coloca...nesse mesmo ano 2006 já se tinha um numero bem maior de povos, o que eu percebi foi que vc se deteve em algumas aldeias apenas...as fundadas pelo tuxaua e saudoso Valdomiro Cruz importante fonte de informação na minha pesquisa de mestrado hj falecido. Nesse mesmo período os Omágua do ALTO SOLIMOES já estavam organizados em Associação chamada OCAS, daí segue pelo rio SOLIMOES territorializados em demais cidades como Amaturá, Tefé, Tabatinga, BC, São Paulo de Olivença e em Manaus em alguns bairros da cidade, hj temos aproximadamente registrado 5 mil Omágua em Manaus sem contar as cidades pequenas do interior... uma sugestão seria vc atualizar seus dados... naquela época haviam mais de 2.000 Omagua/Kambeba rsrss isso eu garanto.
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