REFLEXÕES SOBRE AS SONATAS ETC
ROGEL SAMUEL
Quase não são obras separadas, individualizadas. As
32 Sonatas de piano de Beethoven parecem ter uma sequencia, uma estrutura só, como
se fossem a continuação de uma só obra.
Eu as ouço há tantos anos, e somente agora começo a
compreendê-las.
Para mim, o melhor intérprete é Arthur Schnabel.
Meu pai tocava uma delas, e eu tinha uma fita
cassete em que ele tocava a 14ª. Depois de sua morte não mais tive coragem de
ouvi-la (pois era possível também ouvir sua voz e era como se ele saísse do
túmulo). A gravação se perdeu.
Lembro-me de que o meu amigo Nathanael Caixeiro
ouviu a gravação, e teceu comentários pianísticos sobre a execução, disse que
era uma interpretação e uma técnica antiga, desusada nos nossos dias.
Nathanael já é falecido, era um excelente músico,
tocava em orquestra, violinista, tinha uma coleção de violinos em casa, apesar
de pobre, professor do Estado (onde o conheci), professor da Gama Filho (de
Idéias Contemporâneas), poliglota e tradutor. Traduziu muitos livros da Zahar,
da Vozes etc.
Nathanael também era pintor excelente, onde
assinava “Petit Grand”, em referência à sua pequena altura.
Foi um dos meus grandes amigos.
Devo a ele a publicação do meu “Manual de teoria
literária”, pois foi ele quem levou os originais para a Editora Vozes, insistiu
que o publicassem, e assim foi. Tivemos 14 edições.
E hoje estamos na 6ª do “Novo Manual de teoria
literária”. Natha ficaria feliz, com isso.
Eu tocava piano aos 5 anos de idade. Mas não
gostava. Abandonei. Meu pai me ensinava.
Ele aos 5 fazia parte do coro infantil de sua
escola, em Strasburg.
Um dia, começaram a ensaiar exaustivamente um Hino,
até que chegou o dia e a professora disse: “quando o Maestro fizer assim pra
vocês, vocês ataquem o Hino...”
Meu Deus, era a Nona Sinfonia de Beethoven!
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