sábado, 12 de julho de 2008

HOLDERLIN



POR DE SOL



Onde estás? A alma anoitece-me bêbeda
De tôdas as tuas delícias; um momento
Escutei o sol, amorável adolescente,
Tirar da lira celeste as notas de ouro do seu canto da noite.


Ecoavam ao redor os bosques e as colinas;
Êle no entanto já ia longe, levando a luz
A gentes mais devotas.
Que o honram ainda.

Trad. Manuel Bandeira

E pouco saber...


E pouco saber, mas muita alegria
É dada aos mortais,


Porquê, ó belo Sol, não me bastas tu,
Ó flor das minhas flores! no dia de Maio?
Que sei eu então de mais alto?


Oh, fora eu antes como as crianças são!
Que eu, como os rouxinóis, cantasse
A canção descuidada da minha delícia!


(tradução: Paulo Quintela)


A Natureza e a Arte ou Saturno e Júpiter


Alto tu reinas no dia e a tua lei
Floresce, tens na mão a balança, filho de Saturno!
E reparte as sortes e ledo repousa
Na glória das artes imortais do domínio.


Mas dizem os Poetas que para o abismo
O sacro Pai, o teu próprio, outrora
desterraste e que lá em baixo se chora,
Onde os Indómitos estão justamente antes de ti,


Inocente o deus da idade de ouro há já muito:
Outrora sem custo e maior do que tu, embora
Não tenha ditado nenhum mandamento
E nenhum dos mortais por nome o nomeasse.


Para baixo pois! ou não te envergonhes da gratidão
E se queres ficar, serve ao mais velho
E concede-lhe que antes de todos,
Deuses e homens, o Poeta o nomeie!


Pois, como das nuvens o teu raio, assim dele
Vem o que é teu, olha! dá dele testemunho
O que tu ordenas, e da paz
De Saturno cresceu todo o poder.


E quando eu no coração tiver algo de vivo
Sentido e alvoreça o que tu formaste,
E no seu berço tiver passado a dormir
Em delícia o tempo que muda,


Então eu te reconheço, ó Crónion! então te ouço, a ti
Sábio mestre que, como nós, um filho
Do Tempo, dás leis, e quanto
O santo crepúsculo esconde, anuncias.


(tradução: Paulo Quintela)




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