domingo, 27 de julho de 2008

MAS O AURORA


Rogel Samuel


É um velho bar. Tem mais de cem anos. O livro de Barthes, que já li, se torna maravilhoso, ali. Outro dia fui à Adega Flor de Coimbra, na Rua Teotônio Regadas, na Lapa. No mesmo lugar morou Portinari. Ao lado, a Sala Guiomar Novaes, e atrás a Sala Cecília Meireles. A adega era freqüentada por Villa Lobos, Manuel Bandeira. Na Sala Guiomar Novaes estão as "mãos", em bronze, da pianista. Constato que eram bem pequenas. Como pôde a grande pianista ter mãos pequenas? Hoje quem toca na sala é uma pianista famosa, não sei dizer por quê. Às vezes é boa. Outras vezes é "dura". Na minha frente estava um agradável senhor, com quem converso antes do concerto, sobre a iluminação, a acústica etc. Vejo que no programa havia uma certa "Terceira balada", de J. A. Almeida Prado, primeira audição mundial. Foi o melhor do programa. A balada era uma improvisação livre sobre um tema de uma música banal, ou mesmo vulgar: "Parabéns para você". Mas a "Terceira balada" era extraordinária. Depois vi que o autor era aquele agradável senhor com quem conversei sobre banalidades. Na volta não pude ir pela calçada e entrar no Metrô, como gostaria. A noite tinha caído. Afinal, o Rio de Janeiro é um lugar perigoso.

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