segunda-feira, 28 de julho de 2008

O NARRADOR



ROGEL SAMUEL


Todo narrador de romance faz uma confidência ao contar uma estória. Escrever é
uma prática honesta, mas mentirosa, o narrador mente ao fazer-se e como disse Lacan faz-nos enganar por uma estória,uma ficção. “Fazer-nos, um ser de sua ficção, verdadeiramente enganar” (Lacan. Escritos, p. 28). “Ce serait bien là le cornble où pût atteindre 1’i1lusionniste que nous faire par un être de sa fiction véritablement tromper” (Lacan. Écrits 1, p. 31, ou, na tradução portuguesa assim feita: “Seria isso o máximo que poderia atingir o ilusionista: fazer-nos, um ser de sua ficção, verdadeiramente enganar”, p. 28, que é grifado nos dois textos. E nós nos enganamos conscientemente. Engano, de modo verdadeiro (verdadeiramente enganar), finge que nos ensina um segredo (do narrador), ou "um segredo" (do personagem).
O narrador nos narra, transforma-nos em ficção. Em lenda.

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