quinta-feira, 17 de julho de 2008

Um tradutor de Dante




Rogel Samuel

A tradução em versos de Cristiano Martins da “Comédia” de Dante é extraordinária pela beleza e pela erudição, mas hoje pouco conhecida. Não sei por quê, já que está viva, muito viva no catálogo da Itatiaia. Martins é um grande erudito, político e poeta mineiro. Nasceu em 1912, foi professor universitário, secretário do Presidente Kubitschek, Procurador do Tribunal de Contas. Alceu Amoroso Lima disse que sua poesia era noturna. Como ensaísta foi elogiado por Mário de Andrade, Oscar Mendes, Sérgio Milliet, Otto Lara Resende e Aires da Mata Machado Filho. Mas sua obra-prima é a tradução da Divina Comédia de Dante, uma das mais importantes em todo o mundo. Mesmo na Itália não se encontra com facilidade uma edição do poema como esta, comentada como detalhes, estrofe por estrofe, com minúcia e erudição. Ele simplesmente explica o poema nas notas de pé de página, e acompanha o leitor elucidando todas as passagens difíceis. Como escreveu Dante (e ele traduziu):

Nova não é decerto esta ousadia:
Foi uma vez usada noutra porta,
Que depois nunca mais se fecharia.

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