segunda-feira, 12 de maio de 2008

DO MUNDO NADA SE LEVA

Como diz o povo. Gostaria de saber o dia de minha morte. Venderia tudo, iria para um hotel em Paris. De lá escreveria para meus poucos leitores. Certamente seriam crônicas como esta. Lembro-me de Antony Burgess, autor de minha preferência. Quando o médico lhe disse que estava para morrer escreveu A Clockwork Orange, ou “Laranja mecânica”, seu melhor livro. Não morreu. Ainda escreveu e viveu muito. Escrever é viver. Quem escreveu bons livros viveu bem. Boas crônicas também. A vida é tempo, a crônica é tempo, é cronos. O deus da época dourada. O senhor saturniano do tempo. Estou sem tempo, tenho de sair. A crônica está terminada.

O tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.
(Mário Quintana).

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