Morreu H. Dobal. O poeta da terra do gado. Dos novilhos do agreste, das terras pobres e chapadas. O Piauí está de luto. Morreu H. Dobal. Com ele morrem as rimas das trilhas de areia, onde as seriemas procuravam cobras. Os dias de fogo se apagaram, viraram noites para os magros dias dos homens, dos vaqueiros. Da aridez com cacimbas. Com ele se vão as fazendas "onde outrora / havia banhos de leite". Ai lendas! Ai dias de tormentoso inverno! Ai latifúndios agora desertos! Porque a morte tudo ceifou. Porque a morte aparece
 
sem fazer ruído.
Senta-se num canto
fica indiferente 
com seu ar de calma 
absoluta.
Mira longamente 
o quarto o retrato 
a cama os remédios 
postos entre os livros 
sobre a mesa escura.
Depois se levanta
sem nenhuma pressa 
sem impaciência 
retorna ao seu mundo 
a morte, de gestos 
claros e serenos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário