sexta-feira, 25 de maio de 2012

SHAKESPEARE EM SÃO PAULO

O dramaturgo William Shakespeare - Reprodução
 
Na Inglaterra, tornou-se tradição encenar anualmente todas as 39 peças de William Shakespeare (1564-1616) - mais que respeito, homenagem a uma das principais obras dramatúrgicas de todos os tempos. O desafio agora chega ao Brasil, pelas mãos do produtor Alexandre Brazil: a partir de outubro, quando estrear Ricardo III no Teatro Sérgio Cardoso, sob a direção de Marco Antônio Rodrigues, começa o Projeto 39, que ambiciona montar, em dez anos, todos os 39 textos do bardo, desde a primeira, Henrique VI (de 1590) até a última, A Tempestade (1611).
“Fixaremos a galeria de mais de 800 personagens shakespearianos para o prazer do público”, acredita Brazil, que já conseguiu alinhavar os primeiros diretores para o projeto. E também atores: Leonardo Brício será o protagonista de Ricardo III. O desafio, que conta também com supervisão de produção de Erike Busoni, já recebeu apoios importantes, como o da crítica, tradutora e pesquisadora Bárbara Heliodora.
“A proposta é, no mínimo, um desafio dos maiores que se possa enfrentar no teatro”, afirma ela. “Por outro lado, existe a vantagem de garantir a seus realizadores que, ao menos por uma década, jamais ficarão entediados, pois a variedade de temas e gêneros abrangida pela obra dramática de Shakespeare é tão grande que só surpreende que ela tenha sido realizada por um só homem.”
A ideia surgiu quando Alexandre Brazil montou, no ano passado, justamente a última peça escrita por Shakespeare, A Tempestade. A produção começou no espaço administrado pelo Movimento Artístico para Transformação Integrado pela Liberdade, Direitos e Entretenimento, o Matilde, em São Caetano do Sul. Lá, enquanto um grupo de 80 pessoas participava da criação da peça, fermentava-se a ideia arrojada de se montar a obra completa do autor inglês. Formatado o projeto, o grupo começou a convidar outros artistas. “A expectativa é a participação de centenas de profissionais entre diretores, atores, criadores, produtores e técnicos”, acredita Busoni.
O proveito para o teatro nacional será incalculável, avalia Bárbara Heliodora. “Shakespeare passou a vida tendo um grande caso de amor com a humanidade, e disso nasceu a maior força de uma dramaturgia épica.”
Primeiras peças:
Ricardo III, por Marco Antônio Rodrigues, estreia em outubro de 2012
Romeu e Julieta, por Vladimir Capella, em 2013
Troilo & Créssida, por André Garolli, em 2013
As Alegres Comadres de Windsor, por Cacá Rosset, chega em 2014
Timon de Atenas, por Aderbal Freire-Filho, em 2014

2 comentários:

José Ribamar Mitoso de Souza disse...

Mestre querido, amado, iluminado e todos os "ido" e "ado": não é a quantidade, mas o projeto estético que define a grandeza de um autor.A sua marca. O tempo molda um autor e sua obra. Mas quando ele consegue transcender o seu tempo, ele produz algo que, verdadeiramente (amém), pode ser chamado de arte.

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

obrigado