sábado, 31 de março de 2012
FELICIDADE
A felicidade não é um paraíso fechado, separado do mundo. É, ao mesmo tempo, a nascente e o oceano. DUGPA RINPOCHÊ
sexta-feira, 30 de março de 2012
Um diamante cheio de leitores
Um diamante cheio de leitores
Rogel Samuel
O meu "Diamante azul" teve milhares de leitores no site do "ENTRE-TEXTOS" e foi uma jóia rara no meu escrever.
Talvez
pelo valor imensurável da pedra (do tamanho de uma grande caixa de
fósforo, talvez), talvez pela raridade da cor (o azul do mar, o diamante
recolheu e concentrou toda cor do mar, deixando-o incolor), talvez pelo
texto da "Caçadora de diamantes", talvez...
O certo é que os diamantes são irresistíveis tentações do olhar e do ler.
Mas acho mesmo que foi o lançamento do romance de Dílson Lages, "O morro da casa grande" que puxou meu diamante para cima.
Houve
até um blog que colocou minha pedrinha em destaque
(http://luizfilhodeoliveira.blogspot.com/), e publicou um belo poema em
resposta.
Como eu gostaria que esse diamante azul fosse eternamente lembrado!
DALAI LAMA - INICIAÇÃO ON-LINE
His Holiness the Dalai Lama's annual teaching on the Jataka Tales (Life Stories of the Buddha) given on the final day of the five day Great Prayer Festival held at the Main Tibetan Temple in Dharamsala, India, on March 8, 2012. His Holiness also confers a Chenrezig (Avaloketishivera) empowerment. (www.dalailama.com)
His Holiness speaks in Tibetan with a simultaneous English tranlsation available. Tibetan language video can be viewed at http://youtu.be/jOSlixvb0Ss
Categoria:
quinta-feira, 29 de março de 2012
Eliseu Visconti – A modernidade antecipada
Sessenta e três anos após a primeira exposição, o Museu Nacional de Belas Artes (MNBA) abriga, a partir do dia 3 de abril, “Eliseu Visconti – A modernidade antecipada”, com cerca 250 obras, entre pinturas, desenhos, cerâmicas e documentos do artista. Das obras expostas, muitas nunca foram vistas pelo público nem pelos especialistas em história da arte brasileiros. Elas pertencem a 15 instituições e a 80 colecionadores particulares.
A exposição tem como propósito consolidar o legado de Visconti, mostrando como, em sua trajetória pioneira, foi um agente capital da modernização da arte brasileira, sem romper com os artistas que o antecederam.
Leia também: Tarsila do Amaral ganha megaexposição no Rio
A produção de Visconti - pouco conhecida ou discutida abertamente no Brasil - é apresentada em toda sua extensão, desde o início de sua carreira, em 1888, época em que ainda fazia parte da Academia Imperial de Belas-Artes, até o seu falecimento, em 1944. Em seus quase 80 anos de vida, acompanhou de perto a imensa transformação que conduziu o país de Império a Estado Novo, do escravismo ao trabalhismo, da arte romântica à arte moderna. Uma oportunidade e tanto para se desvendar um pouco mais de Eliseu Visconti, um italiano da cidade de Salerno, onde nasceu em 1866 e que veio ainda menino para o Brasil.
Leia também: Irmãos Campana trazem suas "poltronas" para exposição no Rio
A retrospectiva é dividida por períodos e temas, em consonância com os trabalhos desenvolvidos pelo pintor e designer. Entre eles estão paisagens, cenas de família, retratos, nus, temas históricos, painéis decorativos e objetos de design, além de desenhos e aquarelas. Dentre as pinturas, destacam-se na exposição 25 autorretratos, dentre os mais de 40 que Visconti criou em seus 60 anos de produção. Formalmente Visconti manteve-se na produção figurativa, sendo considerado o mais expressivo representante da pintura impressionista no Brasil.
O visitante terá ainda a possibilidade de acompanhar o processo artístico de Visconti na composição das obras “Maternidade” (1906) e “Recompensa de São Sebastião” (1897), por meio de estudos e variantes pouco conhecidos, e ainda apreciar “Gioventù” (1898), considerada a “Mona Lisa” brasileira, ganhadora da medalha de prata na Exposição Universal de Paris em 1900
POEMA DO MILLOR
Poeminha Última Vontade
Enterrem meu corpo em qualquer lugar.
Que não seja, porém, um cemitério.
De preferência, mata;
Na Gávea, na Tijuca, em Jacarepaguá.
Na tumba, em letras fundas,
Que o tempo não destrua,
Meu nome gravado claramente.
De modo que, um dia,
Um casal desgarrado
Em busca de sossego
Ou de saciedade solitária,
Me descubra entre folhas,
Detritos vegetais,
Cheiros de bichos mortos
(Como eu).
E, como uma longa árvore desgalhada
Levantou um pouco a laje do meu túmulo
Com a raiz poderosa,
Haja a vaga impressão
De que não estou na morada.
Não sairei, prometo.
Estarei fenecendo normalmente
Em meu canteiro final.
E o casal repetirá meu nome,
Sem saber quem eu fui,
E se irá embora,
Preso à angústia infinita
Do ser e do não ser.
Sol e chuva ocasionais,
Estes sim, imortais.
Até que um dia, de mim caia a semente
De onde há de brotar a flor
Que eu peço que se chame
Papáverum Millôr
(ENVIADO POR AMELIA PAIS)
quarta-feira, 28 de março de 2012
william carlos williams / soneto em busca de um autor
william carlos williams / soneto em busca de um autor
Os corpos nus como troncos sem casca
exalam às vezes um odor tão
doce, homem e mulher
debaixo das árvores loucamente
em harmonia com o tapete de
aromáticas folhas de pinheiro
bordadas com videira virgem
disso poderia fazer-se um soneto
Disso poderia fazer-se um soneto! louco odor
odor de agulhas de pinheiro, odor de
troncos sem casca, somente odor
de videira virgem que
não sem odor, odor de mulher nua
por vezes, odor de homem
william carlos williams
antologia breve
tradução josé agostinho baptista
assírio & alvim
1993
http://canaldepoesia.blogspot.com.br/
terça-feira, 27 de março de 2012
Cientistas apontam que pipoca pode ajudar a combater o envelhecimento
Uma porção do alimento tem até 300mg de antioxidantes - praticamente o dobro dos 160mg das porções de frutas.
Especialistas americanos desconfiaram do potencial da pipoca porque é composta de apenas 4% de água, enquanto que os antioxidantes estão mais diluídos em frutas e vegetais, que possuem até 90% de água.
Eles também descobriram que a casca crocante da pipoca tem a mais alta concentração de antioxidantes e fibra. Os cientistas da Universidade de Scranton, na Pensilvânia, revelaram a sua descoberta em uma reunião da Sociedade Química Americana, em San Diego, nos Estados Unidos.
- Essas cascas merecem mais respeito. Nutricionalmente, elas são pepitas de ouro - disse o pesquisador Joe Vinson ao jornal "Daily Mail".
Mas Vinson alertou que as pessoas não devem abrir mão de consumir frutas e legumes para viver à base de pipoca, que não contém vitaminas e nutrientes vitais encontrados nestes alimentos. No entanto, acrescentou que a pipoca tem muitos outros benefícios para a saúde:
- A pipoca pode ser o aperitivo perfeito. Trata-se do único lanche feito 100% de grãos não processados. Todos os outros são processados e diluídos com outros ingredientes. Uma porção de pipoca proporciona mais de 70% do consumo diário de grãos integrais. Uma pessoa comum costuma receber apenas metade da porção indicada de grãos integrais por dia, e a pipoca pode preencher esta lacuna de uma forma muito agradável.
Os cientistas avisaram que o modo de preparo é a chave para ter acesso aos benefícios da pipoca para a saúde.
- Pipoca de panela tem o menor número de calorias enquanto que a de micro-ondas tem duas vezes o número de calorias da tradicional
HORÁCIO
HORÁCIO
Ode III
AO NAVIO DE VERGÍLIO
Trad. Elpino Duriense, Lisboa, 1807.
Assim os irmãos de Helena, brilhantes
Astros, e o rei dos ventos, só com japis,
prendendo os mais, te reja,
Ó nau, que és de Vergílio devedora,
Que a ti se confiou, rogo-te, o ponhas,
Salvo nas terras áticas, e guardes
metade de minha alma.
Enzinho e tresdobrado bronze havia
Em torno ao peito, quem ao pego iroso
O baixel frágil cometeu primeiro;
Nem já temeu o ábrego.
Com os aquilões brigando impetuoso,
Hiadas tristes, nem de Noto a raiva;
Que é da Ádria o mór senhor, ou erguer queira,
Ou amainar as ondas.
Que gênero temeu de morte aquele,
Que a olhos secos viu nadantes monstros,
Que viu túrgido mar, e Acroceraunos
infamados cachopos?
Em vão próvido Deus com o oceano
As terras retalhou insociáveis,
Se contudo os baixéis ímpios trespassam
os não tocandos mares.
Audaz a sofrer tudo, a gente humana
Por defezas maldades se despenha;
Audaz a prole de japeto às gentes
com fraude iníqua o fogo.
Trouxe: depois que o fogo à casa etérea
Se furtou, a magreza e nova tropa
De febre sobreveio à terra, e o fado
vagaroso da morte.
Dantes remota, apressurou o passo
Tentou com penas ao mortal não dadas,
Dédalo o ar vazio: o Aqueronte
rompeu trabalho hercúleo.
Nada aos mortais é árduo: cometemos
Loucos o mesmo Céu; e não deixamos
Com os nossos crimes, que deponha Jove
Os iracundos raios.
[HORÁCIO. Obras completas. São Paulo, Cultura, 1941. p. 24-25.]
BORGES
borges, por jalar
Arte Poética
Jorge Luis Borges (1899-1986)
Mirar o rio, que é de tempo e água,
E recordar que o tempo é outro rio,
Saber que nos perdemos como o rio
E que passam os rostos como a água.
E sentir que a vigília é outro sonho
Que sonha não sonhar, sentir que a morte,
Que a nossa carne teme, é essa morte
De cada noite, que se chama sonho.
E ver no dia ou ver no ano um símbolo
Desses dias do homem, de seus anos,
E converter o ultraje desses anos
Em uma música, um rumor e um símbolo.
E ver na morte o sonho, e ver no ocaso
Um triste ouro, e assim é a poesia,
Que é imortal e pobre. A poesia
Retorna como a aurora e o ocaso.
Às vezes, pelas tardes, uma face
Nos observa do fundo de um espelho;
A arte deve ser como esse espelho
Que nos revela nossa própria face.
Contam que Ulisses, farto de prodígios,
Chorou de amor ao avistar sua Ítaca
Humilde e verde. A arte é essa Ítaca
De um eterno verdor, não de prodígios.
Também é como o rio interminável
Que passa e fica e que é cristal de um mesmo
Heráclito inconstante que é o mesmo
E é outro, como o rio interminável.
(Trad. Rolando Roque da Silva)
Jorge Luis Borges (1899-1986)
Mirar o rio, que é de tempo e água,
E recordar que o tempo é outro rio,
Saber que nos perdemos como o rio
E que passam os rostos como a água.
E sentir que a vigília é outro sonho
Que sonha não sonhar, sentir que a morte,
Que a nossa carne teme, é essa morte
De cada noite, que se chama sonho.
E ver no dia ou ver no ano um símbolo
Desses dias do homem, de seus anos,
E converter o ultraje desses anos
Em uma música, um rumor e um símbolo.
E ver na morte o sonho, e ver no ocaso
Um triste ouro, e assim é a poesia,
Que é imortal e pobre. A poesia
Retorna como a aurora e o ocaso.
Às vezes, pelas tardes, uma face
Nos observa do fundo de um espelho;
A arte deve ser como esse espelho
Que nos revela nossa própria face.
Contam que Ulisses, farto de prodígios,
Chorou de amor ao avistar sua Ítaca
Humilde e verde. A arte é essa Ítaca
De um eterno verdor, não de prodígios.
Também é como o rio interminável
Que passa e fica e que é cristal de um mesmo
Heráclito inconstante que é o mesmo
E é outro, como o rio interminável.
(Trad. Rolando Roque da Silva)
segunda-feira, 26 de março de 2012
As novas mídias despem os reis
De Observatório da Imprensa
As redes sociais estão deixando o jornalismo nu
Por Cleyton Carlos Torres
No impresso, ainda há quem afirme que a capa do jornal é para quem o compra; já seu interior é para quem o lê. E o digital? A “capa” dos jornais digitais já parece não ter tanta importância. A home principal de grandes veículos e portais talvez perca um pouco de sentido em um mundo tão conectado, com ligações nos mais diferentes ambientes. Ao mesmo tempo em que estamos em um único lugar, estamos em todos.
O site de uma das maiores revistas do país, a Veja, tem a rede social de microblogs como um dos seus principais originadores de tráfego. Mais de 33 grandes jornais internacionais possuem parceria com o Facebook. Querem estar dentro dessa rede quando Zuckerberg se tornar a maior mídia do planeta. A BBC, em números recentes, demonstrou que menos da metade dos 8 milhões de usuários que acessam o portal chegam ao site através da home principal.
Em ecossistema em rede deve-se destacar a importância dos filtros de conteúdo, aquelas empresas ou profissionais que terão o trabalho de curar informações oriundas dos mais diferentes cantos da web e repassá-las de forma amigável ao usuários final. Isso vale também para o jornalismo de dados, transformando o big data em informação consumível. Porém o que se deve ter em mente é a forma que tudo isso será processada.
Filtrar conteúdo não necessariamente implica em centralizar o conteúdo. Com plataformas cada vez mais interconectadas, um pilar estrutural perde sua função básica. Não só espaço, mas as páginas principais dos jornais estão perdendo função. A BBC reformulou sua página no Facebook, oferecendo ao usuário a chance de selecionar o que querem receber na sua timeline. Seria essa a nova home dos portais? Com a poluição informacional com que a rede anda, talvez o conteúdo se perca em tantos “destaques”.
Segmentação e customização
Ainda em fase beta, a nova página na rede de Mark Zuckerberg traz a distinção entre editorias e jornalistas. Dão “rosto” ao conteúdo. O usuário pode escolher entre diversos assuntos e, de quebra, receber informações dos profissionais do portal. Seria essa a nova relação de jornalismo e redes sociais? Isso nos remete aos jornais que criaram aplicativos para o Facebook com o intuito de aproveitar o tempo que os usuários lá gastam. É uma forma de não “perder” um possível público.
Qual é o limite para essa integração? Aliás, tal limite existe? Com tantas interconexões simultâneas dos mais diversos cenários, não corre o jornalismo o risco de perder sua identidade como fonte confiável de conteúdo? A partir do momento em que as informações passam a circular em ambientes aleatórios, não corremos o risco de que os usuários não saibam mais onde procurar? A home dos portais e jornais se perde ao ter que ser acessada diretamente. Queremos o conteúdo, literalmente, na palma da mão.
Segmentação e customização são pontos essenciais para o jornalismo digital que quer sobressair no atual momento 2.0 vivente. Porém, confesso que não havia pensado pelo lado das páginas principais, agora nem tão principais assim. Destrincharemos editorias e jornalistas em suas mais íntimas funções. Chegará o momento de esquecermos a instituição por trás da informação e só lembraremos o local aonde a vimos? O jornalismo está ficando nu e, quem sabe, esqueçamos um dia o charme de sua vestimenta.
***
[Cleyton Carlos Torres é jornalista, pós-graduado em assessoria de imprensa, gestão da comunicação e marketing e pós-graduado em política e sociedade no Brasil contemporâneo]
As redes sociais estão deixando o jornalismo nu
Por Cleyton Carlos Torres
No impresso, ainda há quem afirme que a capa do jornal é para quem o compra; já seu interior é para quem o lê. E o digital? A “capa” dos jornais digitais já parece não ter tanta importância. A home principal de grandes veículos e portais talvez perca um pouco de sentido em um mundo tão conectado, com ligações nos mais diferentes ambientes. Ao mesmo tempo em que estamos em um único lugar, estamos em todos.
O site de uma das maiores revistas do país, a Veja, tem a rede social de microblogs como um dos seus principais originadores de tráfego. Mais de 33 grandes jornais internacionais possuem parceria com o Facebook. Querem estar dentro dessa rede quando Zuckerberg se tornar a maior mídia do planeta. A BBC, em números recentes, demonstrou que menos da metade dos 8 milhões de usuários que acessam o portal chegam ao site através da home principal.
Em ecossistema em rede deve-se destacar a importância dos filtros de conteúdo, aquelas empresas ou profissionais que terão o trabalho de curar informações oriundas dos mais diferentes cantos da web e repassá-las de forma amigável ao usuários final. Isso vale também para o jornalismo de dados, transformando o big data em informação consumível. Porém o que se deve ter em mente é a forma que tudo isso será processada.
Filtrar conteúdo não necessariamente implica em centralizar o conteúdo. Com plataformas cada vez mais interconectadas, um pilar estrutural perde sua função básica. Não só espaço, mas as páginas principais dos jornais estão perdendo função. A BBC reformulou sua página no Facebook, oferecendo ao usuário a chance de selecionar o que querem receber na sua timeline. Seria essa a nova home dos portais? Com a poluição informacional com que a rede anda, talvez o conteúdo se perca em tantos “destaques”.
Segmentação e customização
Ainda em fase beta, a nova página na rede de Mark Zuckerberg traz a distinção entre editorias e jornalistas. Dão “rosto” ao conteúdo. O usuário pode escolher entre diversos assuntos e, de quebra, receber informações dos profissionais do portal. Seria essa a nova relação de jornalismo e redes sociais? Isso nos remete aos jornais que criaram aplicativos para o Facebook com o intuito de aproveitar o tempo que os usuários lá gastam. É uma forma de não “perder” um possível público.
Qual é o limite para essa integração? Aliás, tal limite existe? Com tantas interconexões simultâneas dos mais diversos cenários, não corre o jornalismo o risco de perder sua identidade como fonte confiável de conteúdo? A partir do momento em que as informações passam a circular em ambientes aleatórios, não corremos o risco de que os usuários não saibam mais onde procurar? A home dos portais e jornais se perde ao ter que ser acessada diretamente. Queremos o conteúdo, literalmente, na palma da mão.
Segmentação e customização são pontos essenciais para o jornalismo digital que quer sobressair no atual momento 2.0 vivente. Porém, confesso que não havia pensado pelo lado das páginas principais, agora nem tão principais assim. Destrincharemos editorias e jornalistas em suas mais íntimas funções. Chegará o momento de esquecermos a instituição por trás da informação e só lembraremos o local aonde a vimos? O jornalismo está ficando nu e, quem sabe, esqueçamos um dia o charme de sua vestimenta.
***
[Cleyton Carlos Torres é jornalista, pós-graduado em assessoria de imprensa, gestão da comunicação e marketing e pós-graduado em política e sociedade no Brasil contemporâneo]
Simplicidade
Simplicidade
atravesso o bosque
de castanheiros
pisando o manto das folhas
levadas pelo vento
no princípio do outono.
de castanheiros
pisando o manto das folhas
levadas pelo vento
no princípio do outono.
fecho a cancela de madeira do jardim
e lavo o rosto para entrar em casa.
e lavo o rosto para entrar em casa.
esta noite
dormirei à luz das velas
se for preciso.
dormirei à luz das velas
se for preciso.
Carlos Saraiva Pinto
domingo, 25 de março de 2012
Leandro Monteiro
ETERNO MISTÉRIO
É! Eu nunca descobrirei
Esse recorrente mistério
de não reconhecer o além...
O além daquilo que eu vejo
Quando estou em frente do espelho
(Ah! que mundo tão complexo!)
(Leandro Monteiro)
É! Eu nunca descobrirei
Esse recorrente mistério
de não reconhecer o além...
O além daquilo que eu vejo
Quando estou em frente do espelho
(Ah! que mundo tão complexo!)
(Leandro Monteiro)
PESÁRIO
(ELEGIA DE UM JOVEM MATUZALÉM)
Um homem simples,
De saber centenário,
morreu jovem ontem,
24 de abril,
com apenas 24 anos
de idade completados
Ele que me lembro
fazia aniversário
Sempre no dia
29 de fevereir o...
Oferece, agora,
Meus pêsames a família.
De saber centenário,
morreu jovem ontem,
24 de abril,
com apenas 24 anos
de idade completados
Ele que me lembro
fazia aniversário
Sempre no dia
29 de fevereir o...
Oferece, agora,
Meus pêsames a família.
Uma coruja pousou na defesa de tese de LEILA MICCOLIS
Uma coruja pousou em minha defesa de tese
No dia 20 de
março obtive meu título de Doutora em Ciência da Literatura / Teoria
Literária. Foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida, a
coroação de muito esforço e dedicação. Para mim, um acontecimento
realmente histórico, em que pude contar, na Banca, com a presença de
cinco grandes representantes do pensamento acadêmico brasileiro. Foi uma
espécie de prêmio, de consagração, de reconhecimento de uma vida
praticamente inteira dedicada amorosamente à literatura. Um enorme
turbilhão de emoções tomou conta de mim, desde o branco inicial pela
tensão (nunca tinha sentido um branco antes na minha vida, é
devastador), até uma presença inesperada, repleta de significantes e
significados: uma linda coruja (vivo símbolo da sabedoria) que veio me
prestigiar: ei-la silenciosa e discreta pousada na porta do corredor da
UFRJ, a apenas dez passos da sala do meu exame, observando, meditando.
Incrível? Fantástico? Mágico? REAL.
LÊDO IVO
A doce sombra dos cancioneiros
em plena juventude encontro abrigo.
Estou farto do tempo, e não consigo
cantar solenemente os derradeiros
versos de minha vida, que os primeiros
foram cantados já, mas sem o antigo
acento de pureza ou de perigo
de eternos cantos, nunca passageiros.
Sôbolos rios que cantando vão
a lírica imortal do degredado
que, estando em Babilônia, quer Sião,
irei, levando uma mulher comigo,
e serei, mergulhado no passado,
cada vez mais moderno e mais antigo.
em plena juventude encontro abrigo.
Estou farto do tempo, e não consigo
cantar solenemente os derradeiros
versos de minha vida, que os primeiros
foram cantados já, mas sem o antigo
acento de pureza ou de perigo
de eternos cantos, nunca passageiros.
Sôbolos rios que cantando vão
a lírica imortal do degredado
que, estando em Babilônia, quer Sião,
irei, levando uma mulher comigo,
e serei, mergulhado no passado,
cada vez mais moderno e mais antigo.
Lêdo Ivo
nasceu em Maceió (AL) a 18 de Fevereiro de 1924.
sábado, 24 de março de 2012
Vicente de Carvalho
Vicente de Carvalho |
Olhos Verdes
Olhos encantados, olhos cor do mar,
Olhos pensativos que fazeis sonhar!
Que formosas cousas, quantas maravilhas
Em vos vendo sonho, em vos fitando vejo;
Cortes pitorescos de afastadas ilhas
Abanando no ar seus coqueirais em flor,
Solidões tranquilas feitas para o beijo,
Ninhos verdejantes feitos para o amor...
Olhos pensativos que falais de amor!
Vem caindo a noute, vai subindo a lua...
O horizonte, como para recebê-las,
De uma fímbria de ouro todo se debrua;
Afla a brisa, cheia de ternura ousada,
Esfrolando as ondas, provocando nelas
Bruscos arrepios de mulher beijada...
Olhos tentadores da mulher amada!
Uma vela branca, toda alvor, se afasta
Balançando na onda, palpitando ao vento;
Ei-la que mergulha pela noute vasta,
Pela vasta noute feita de luar;
Ei-la que mergulha pelo firmamento
Desdobrado ao longe nos confins do mar...
Olhos cismadores que fazeis cismar!
Branca vela errante, branca vela errante,
Como a noute é clara! como o céu é lindo!
Leva-me contigo pelo mar... Adiante!
Leva-me contigo até mais longe, a essa
Fímbria do horizonte onde te vais sumindo
E onde acaba o mar e de onde o céu começa...
Olhos abençoados, cheios de promessa!
Olhos pensativos que fazeis sonhar,
Olhos cor do mar!
Publicado no livro Rosa, Rosa de Amor: poema (1902).
In: CARVALHO, Vicente de. Poemas e canções. 17.ed. São Paulo: Saraiva, 196
sexta-feira, 23 de março de 2012
VENEZA ESTÁ AFUNDANDO
RIO - As gôndolas que navegam pelos famosos canais de Veneza passam,
ano a ano, em um nível cada vez mais alto. Enquanto a cidade continua
afundando, cerca de 2mm por ano, de acordo com uma pesquisa baseada em
dados de satélite, as águas do Lago Veneza sobem outros 2mm por ano. O
efeito combinado é de 4mm anuais, considerado o maior das últimas
décadas. A cidade, considerada uma das mais belas já construídas pelo
homem, enfrenta alagamentos constantes. A situação deve piorar, segundo
especialistas.
O novo estudo, que será publicado na próxima quarta-feira na revista “Geochemistry, Geophysics, Geosystems”, da American Geophysical Union, se contrapõe a outros trabalhos, realizados nos anos 2000. Estes indicavam que a cidade do nordeste da Itália tinha conseguido se estabilizar.
Especialistas americanos e italianos não apenas conseguiram fazer medições do ritmo de rebaixamento de Veneza como também detectaram que está em curso um processo de inclinação para o leste.
O acompanhamento dos movimentos de terra em Veneza são considerados fundamentais para orientar as políticas públicas para o local. Um novo sistema de barragens está previsto para ser inaugurado em 2014. A previsão dos especialistas é que este mecanismo seja capaz de dar uma relativa segurança aos italianos e turistas que estiverem na cidade.
De acordo com um dos integrantes da equipe de pesquisadores, Yehuda Bock, do Instituto de Oceanografia da Universidade de San Diego, na Califórnia, os alagamentos e o processo de afundamento da cidade são críticos e precisam ser acompanhados de perto.
- Estes são dados cruciais e precisam ser levados em consideração - disse Bock à BBC.
O pesquisador atuou em Veneza com colegas da Universidade de Miami, na Flórida, e com especialistas do Tele-Rilevamento Europa, da Itália, uma empresa especializada em medir os movimentos de solo com dados de satélites.
Para aumentar a precisão das informações, os pesquisadores combinaram os dados obtidos pelos equipamentos de GPS com radares para mapear os deslocamentos e milhares de pontos de Veneza. A lagoa da cidade também foi monitorada com a mesma tecnologia.
— O GPS dá informações do movimento absoluto em relação à Terra, que é um rebaixamento importante — explicou. — E o radar informa como os pontos determinados na área se movem um em relação ao outro. Colocando as duas informações juntas, é possível acompanhar a movimentação de milhares de pontos no solo de Veneza.
O estudo levou em consideração a série histórica disponível. A análise dos dados indica que a cidade está afundando de 1mm a 2mm por ano desde 2000. Em alguns pontos das áreas alagadas da cidade, esta queda chega a 4mm por ano.
Os especialistas ressaltam que não é possível prever como será o comportamento geológico do solo de Veneza no futuro. Mesmo assim, é possível fazer projeções. Se as taxas de afundamento do chão e do aumento do nível do mar forem mantidas, isso pode significar um aumento relativo do nível de água de 80mm nos próximos 20 anos.
Os pesquisadores acreditam que as novas barreiras que estão em construção em Veneza são capazes de aguentar a pressão da água nestas condições, mas ressaltam que as características naturais da cidade fazem com que ela inspire muitos cuidados no futuro, alerta Bock.
Parte das causas do afundamento de Veneza é natural. O movimento das placas tectônicas levam ao afundamento da cidade, que se localiza logo abaixo dos Apeninos. Os processos geológicos levam a um fenômeno que literalmente empurra a cidade para baixo.
A retirada de água do subsolo, que foi um dos fatores que contribuiu para acelerar o afundamento da cidade, já foi interrompida. Mesmo assim, a compactação de sedimentos continuará causando reflexos, e ainda influenciará o abaixamento das terras do local por mais algum tempo, explicam os cientistas.
— Veneza está sempre em movimento — afirmou Bock. — Não importa que o bombeamento de águas subterrâneas foi interrompido, ainda vai haver um rebaixamento natural de 1 mm ao ano.
De acordo com Bock, é possível perceber que a frequência dos alagamentos em Veneza está aumentando. Eles ocorrem entre quatro a cinco vezes por ano, quando moradores e turistas precisam transitar em áreas tomadas pela água.
Além dos fatores locais, o aquecimento global acelera o aumento do nível das águas. Este será um dos temas que mobilizará os negociadores da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, em junho. As áreas mais baixas do planeta, não apenas Veneza como também os países insulares, são as regiões mais vulneráveis. A cidade italiana, porém, é capaz de fazer um esforço bilionário na construção das barreiras, que mantém a água distante.
Para Laura Carbognin, do Instituto de Ciências Marinhas de Veneza, os alagamentos por causa da elevação global dos mares levaria a cerca de 250 inundações por ano.
O novo estudo, que será publicado na próxima quarta-feira na revista “Geochemistry, Geophysics, Geosystems”, da American Geophysical Union, se contrapõe a outros trabalhos, realizados nos anos 2000. Estes indicavam que a cidade do nordeste da Itália tinha conseguido se estabilizar.
Especialistas americanos e italianos não apenas conseguiram fazer medições do ritmo de rebaixamento de Veneza como também detectaram que está em curso um processo de inclinação para o leste.
O acompanhamento dos movimentos de terra em Veneza são considerados fundamentais para orientar as políticas públicas para o local. Um novo sistema de barragens está previsto para ser inaugurado em 2014. A previsão dos especialistas é que este mecanismo seja capaz de dar uma relativa segurança aos italianos e turistas que estiverem na cidade.
De acordo com um dos integrantes da equipe de pesquisadores, Yehuda Bock, do Instituto de Oceanografia da Universidade de San Diego, na Califórnia, os alagamentos e o processo de afundamento da cidade são críticos e precisam ser acompanhados de perto.
- Estes são dados cruciais e precisam ser levados em consideração - disse Bock à BBC.
O pesquisador atuou em Veneza com colegas da Universidade de Miami, na Flórida, e com especialistas do Tele-Rilevamento Europa, da Itália, uma empresa especializada em medir os movimentos de solo com dados de satélites.
Para aumentar a precisão das informações, os pesquisadores combinaram os dados obtidos pelos equipamentos de GPS com radares para mapear os deslocamentos e milhares de pontos de Veneza. A lagoa da cidade também foi monitorada com a mesma tecnologia.
— O GPS dá informações do movimento absoluto em relação à Terra, que é um rebaixamento importante — explicou. — E o radar informa como os pontos determinados na área se movem um em relação ao outro. Colocando as duas informações juntas, é possível acompanhar a movimentação de milhares de pontos no solo de Veneza.
O estudo levou em consideração a série histórica disponível. A análise dos dados indica que a cidade está afundando de 1mm a 2mm por ano desde 2000. Em alguns pontos das áreas alagadas da cidade, esta queda chega a 4mm por ano.
Os especialistas ressaltam que não é possível prever como será o comportamento geológico do solo de Veneza no futuro. Mesmo assim, é possível fazer projeções. Se as taxas de afundamento do chão e do aumento do nível do mar forem mantidas, isso pode significar um aumento relativo do nível de água de 80mm nos próximos 20 anos.
Os pesquisadores acreditam que as novas barreiras que estão em construção em Veneza são capazes de aguentar a pressão da água nestas condições, mas ressaltam que as características naturais da cidade fazem com que ela inspire muitos cuidados no futuro, alerta Bock.
Parte das causas do afundamento de Veneza é natural. O movimento das placas tectônicas levam ao afundamento da cidade, que se localiza logo abaixo dos Apeninos. Os processos geológicos levam a um fenômeno que literalmente empurra a cidade para baixo.
A retirada de água do subsolo, que foi um dos fatores que contribuiu para acelerar o afundamento da cidade, já foi interrompida. Mesmo assim, a compactação de sedimentos continuará causando reflexos, e ainda influenciará o abaixamento das terras do local por mais algum tempo, explicam os cientistas.
— Veneza está sempre em movimento — afirmou Bock. — Não importa que o bombeamento de águas subterrâneas foi interrompido, ainda vai haver um rebaixamento natural de 1 mm ao ano.
De acordo com Bock, é possível perceber que a frequência dos alagamentos em Veneza está aumentando. Eles ocorrem entre quatro a cinco vezes por ano, quando moradores e turistas precisam transitar em áreas tomadas pela água.
Além dos fatores locais, o aquecimento global acelera o aumento do nível das águas. Este será um dos temas que mobilizará os negociadores da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, em junho. As áreas mais baixas do planeta, não apenas Veneza como também os países insulares, são as regiões mais vulneráveis. A cidade italiana, porém, é capaz de fazer um esforço bilionário na construção das barreiras, que mantém a água distante.
Para Laura Carbognin, do Instituto de Ciências Marinhas de Veneza, os alagamentos por causa da elevação global dos mares levaria a cerca de 250 inundações por ano.
64 milhões de brasileiros melhoraram de vida
Nos últimos sete anos, 64 milhões de brasileiros ascenderam de faixa de
renda. “Isto representa o tamanho da Itália”, comparou Marcos Westphalen
Etchegoyen, diretor-presidente da Cetelem BGN, empresa do grupo
financeiro BNP Paribas, ao apresentar hoje (22) a pesquisa O Observador
Brasil 2012, em parceria com o Instituto Ipsos Publics Affairs.
Leia também:
Valor investido pelos brasileiros na poupança cresce 62% em 6 anos
População da classe C cresce mais de 64% entre 2005 e 2011
Otimismo do paulistano que ganha até 10 mínimos é o que mais cresce
O levantamento é uma amostra da estratificação social obtida após l,5 mil entrevistas. Foram ouvidos brasileiros com mais de 16 anos em 70 cidades, no período de 17 a 23 de dezembro do ano passado. Os dados servem para subsidiar as decisões da empresa, em especial, quando pretende explorar um novo nicho de mercado ou expandir negócios em andamento.
Segundo a pesquisa, de 2005 até 2011, enquanto diminuiu a parcela da população mais pobre (de 51% para 24%), cresceu o universo dos mais ricos (de 15% para 22%) e, também, da classe média (de 34% para 54%), que passou a ser maioria no país. Há sete anos, havia 92,9 milhões de pessoas classificadas como baixa renda. Esse número caiu praticamente à metade no ano passado (45,2 milhões).
Já a parcela mais abastada da população subiu de 26,4 milhões para 42,4 milhões de brasileiros no período pesquisado. Mas o maior contingente está mesmo na chamada classe C, que passou de 62,7 milhões para 103,05 milhões. Na classe C, o ganho familiar médio mensal cresceu de R$ l,3 mil para R$ l,45 mil entre 2010 e 2011. Na média de todas as classes socioeconômicas, a renda média subiu de R$ 1,5 para R$ l,6 mil.
Esses números, na opinião de Westphalen, mostram “uma consolidação da elevação da faixa de renda”. Mas ele destacou que há um comportamento mais cauteloso dos consumidores. Na média, todas as classes de renda mantiveram estabilidade nos gastos, com exceção da classe C. Não foi observada mudança em relação ao consumo em supermercados, de energia, gás, água, transporte e remédios. Já os gastos com moradia, principalmente com aluguel, aumentaram 14% em relação a 2011.
Os gastos com prestação de imóveis aumentaram, em média, 23%. Também pesaram mais no orçamento das famílias as despesas com serviços domésticos (+29%). A pesquisa aponta ainda que a melhoria de renda elevou o desejo das pessoas de comprar móveis e eletrodomésticos. Já nas classes A e B foi detectada a intenção de comprar à vista de imóveis e carros.
De acordo com as previsões do vice-presidente da Cetelem, Miltonleise Filho, este ano, o consumo dos brasileiros vai se manter em alta por causa da melhoria da renda. Mas ele alerta que essa disposição de consumir vai ser menor, porque muita gente já comprometeu o orçamento deste ano com financiamentos de longo prazo (para comprar imóveis, carros e eletroeletrônicos, por exemplo).
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O levantamento é uma amostra da estratificação social obtida após l,5 mil entrevistas. Foram ouvidos brasileiros com mais de 16 anos em 70 cidades, no período de 17 a 23 de dezembro do ano passado. Os dados servem para subsidiar as decisões da empresa, em especial, quando pretende explorar um novo nicho de mercado ou expandir negócios em andamento.
Segundo a pesquisa, de 2005 até 2011, enquanto diminuiu a parcela da população mais pobre (de 51% para 24%), cresceu o universo dos mais ricos (de 15% para 22%) e, também, da classe média (de 34% para 54%), que passou a ser maioria no país. Há sete anos, havia 92,9 milhões de pessoas classificadas como baixa renda. Esse número caiu praticamente à metade no ano passado (45,2 milhões).
Já a parcela mais abastada da população subiu de 26,4 milhões para 42,4 milhões de brasileiros no período pesquisado. Mas o maior contingente está mesmo na chamada classe C, que passou de 62,7 milhões para 103,05 milhões. Na classe C, o ganho familiar médio mensal cresceu de R$ l,3 mil para R$ l,45 mil entre 2010 e 2011. Na média de todas as classes socioeconômicas, a renda média subiu de R$ 1,5 para R$ l,6 mil.
Esses números, na opinião de Westphalen, mostram “uma consolidação da elevação da faixa de renda”. Mas ele destacou que há um comportamento mais cauteloso dos consumidores. Na média, todas as classes de renda mantiveram estabilidade nos gastos, com exceção da classe C. Não foi observada mudança em relação ao consumo em supermercados, de energia, gás, água, transporte e remédios. Já os gastos com moradia, principalmente com aluguel, aumentaram 14% em relação a 2011.
Os gastos com prestação de imóveis aumentaram, em média, 23%. Também pesaram mais no orçamento das famílias as despesas com serviços domésticos (+29%). A pesquisa aponta ainda que a melhoria de renda elevou o desejo das pessoas de comprar móveis e eletrodomésticos. Já nas classes A e B foi detectada a intenção de comprar à vista de imóveis e carros.
De acordo com as previsões do vice-presidente da Cetelem, Miltonleise Filho, este ano, o consumo dos brasileiros vai se manter em alta por causa da melhoria da renda. Mas ele alerta que essa disposição de consumir vai ser menor, porque muita gente já comprometeu o orçamento deste ano com financiamentos de longo prazo (para comprar imóveis, carros e eletroeletrônicos, por exemplo).
quinta-feira, 22 de março de 2012
THOR
Segundo delegado, depoimentos levam a crer que atropelado por filho de Eike Batista estava de bicicleta no meio da rodovia. Homicídio doloso foi descartado
quarta-feira, 21 de março de 2012
Martin Luther King Jr.
Midst my own dreams :
a champion soul ;
I listened on that knoll
to Martin’s speech that yet gleams.
Like a pot of stew for the hungry it steams.
Never to ask for whom the bell tolls,
these gates were blocked by corpulent trolls.
He wanted for the poor not water but cream.
The depths of my soul so gently did he caress.
Pulling all hopelessness out like burrs,
rejecting the blemish of all that were detours,
so flowers covered the bigot’s fortress ;
covered the cold ones like furs.
For that moment, it seemed as if this earth all hatred inters.
© Copyright, Mary Barnet 2012
All Rights Reserved.
PoetryMagazine.com
terça-feira, 20 de março de 2012
TERREMOTO NO MÉXICO
México, 20 mar (EFE).- O Serviço Sismológico do México
informou que o terremoto que atingiu nesta terça-feira o sul do país foi
de 7,8 graus na escala Richter, após revisar para baixo a magnitude
preliminar que tinha divulgado nas últimas horas.
O "reporte oficial do sismo principal" registrado nesta terça-feira
indica que o movimento telúrico foi de 7,8 graus e o epicentro situou-se
a 29 quilômetros ao sul de Ometepec, no estado de Guerrero.Já o Serviço Geológico dos Estados Unidos registrou magnitude de 7,4 graus no terremoto principal do México.
Desde o tremor, ocorrido às 12h03 locais (15h03 de Brasília), as autoridades sismológicas do México divulgaram diversos dados preliminares sobre a magnitude do tremor, que chegou a um máximo de 7,94 graus, com situações de epicentro ligeiramente distintas.
Em mensagem no microblog Twitter, o Serviço Sismológico esclareceu que os números preliminares de magnitude eram gerados automaticamente e não eram revisados por um analista; portanto, não tinham caráter oficial.
CIDADE DO MÉXICO — Um terremoto de magnitude 7,4 na escala Richter
atingiu por volta do meio-dia desta terça-feira (horário local) o
Sudoeste do México. No estado de Guerrero, onde foi localizado o
epicentro, o tremor deixou mais de 560 casas danificadas e algumas
colapsadas. Pelo menos sete pessoas ficaram feridas — duas na capital e
cinco no estado de Oaxaca.
O epicentro do tremor foi 30Km ao sul da cidade de Ometepec, a 18 quilômetros de profundidade. A magnitude, antes estimada em 7,9 pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos, foi depois revisada para 7,4. Pelo menos sete réplicas foram sentidas após o primeiro tremor.
O terremoto foi sentido com força na Cidade do México, a cerca de 320Km do epicentro. Pessoas deixaram em pânico prédios e casas, e o serviço de telefonia móvel chegou a ser interrompido. Houve reflexos significativos do tremor em Acapulco e até na Guatemala.
— Nunca tinha sentido um terremoto tão forte, achei que o prédio estava caindo — contou Sebástian Herrera, de 42 anos, que trabalha na capital mexicana.
No Twitter, o presidente do México, Felipe Calderón, afirmou que não havia danos graves registrados. Também pela rede social, o prefeito da Cidade do México, Marcelo Ebrard, disse que não viu danos durante um sobrevoo de helicóptero.
De acordo com ele, o sistema de abastecimento de água e outros “serviços estratégicos” não enfrentam problemas. Também não foram registrados incidentes em Oaxaca, perto do local do epicentro do tremor, de acordo com televisões locais.
Em reação ao sismo, ações de construtoras e de empresas de material de construção chegaram a subir, graças à expectativa do mercado de maior demanda para reconstrução de edifícios.
Filha de Obama estava na região do tremor
Malia Obama, filha mais velha do presidente americano, estava no México no momento do tremor, mas, segundo a Casa Branca, saiu ilesa.
A adolescente, de 13 anos, passa férias com um grupo escolar em Oaxaca, no Sudoeste de México.
O epicentro do tremor foi 30Km ao sul da cidade de Ometepec, a 18 quilômetros de profundidade. A magnitude, antes estimada em 7,9 pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos, foi depois revisada para 7,4. Pelo menos sete réplicas foram sentidas após o primeiro tremor.
O terremoto foi sentido com força na Cidade do México, a cerca de 320Km do epicentro. Pessoas deixaram em pânico prédios e casas, e o serviço de telefonia móvel chegou a ser interrompido. Houve reflexos significativos do tremor em Acapulco e até na Guatemala.
— Nunca tinha sentido um terremoto tão forte, achei que o prédio estava caindo — contou Sebástian Herrera, de 42 anos, que trabalha na capital mexicana.
No Twitter, o presidente do México, Felipe Calderón, afirmou que não havia danos graves registrados. Também pela rede social, o prefeito da Cidade do México, Marcelo Ebrard, disse que não viu danos durante um sobrevoo de helicóptero.
De acordo com ele, o sistema de abastecimento de água e outros “serviços estratégicos” não enfrentam problemas. Também não foram registrados incidentes em Oaxaca, perto do local do epicentro do tremor, de acordo com televisões locais.
Em reação ao sismo, ações de construtoras e de empresas de material de construção chegaram a subir, graças à expectativa do mercado de maior demanda para reconstrução de edifícios.
Filha de Obama estava na região do tremor
Malia Obama, filha mais velha do presidente americano, estava no México no momento do tremor, mas, segundo a Casa Branca, saiu ilesa.
A adolescente, de 13 anos, passa férias com um grupo escolar em Oaxaca, no Sudoeste de México.
segunda-feira, 19 de março de 2012
E SOMENTE A NOITE COMPREENDIA AS SUAS PALAVRAS
VERLAINE
E SOMENTE A NOITE
COMPREENDIA AS SUAS PALAVRAS
Rogel Samuel
- E tu, última sombra,
demais não será para saltares do chão pedir e pelo bosque voares? Em ti já as
figuras sutis se delineiam das finais invisíveis. O do rastro não é senão o de
meu desatinado rumo.
- Aonde foram eles,
aonde, aonde? Ao fim do mundo?
«...et la
nuit seule entendit leurs paroles...» - cantava Verlaine.
- Gruta de luz! Gruta
de luz!
Lá fora, gigantes
chamam para a luta.
- Que gigantes?
Avança, prepara o combate, as grandes armas já ouço, que rolam, pesadas como
bolas, de aço e no vácuo tempo de entrechocarem-se. Avança! O que está
cumpra-se de imediato, escrito, o cortinado abra-se da cornija do luar, que a fina roupagem de gaze a veste, que seja
desnudado o limbo, vai. Vai, e a vida valerá teu grito de socorro. E a angústia
tua nos gigantes clama para a luta?
Mas nada. O bosque morto, daquele
halo de leite impregnado, de lua e o seu silêncio como diáfano véu circulando
como cobra que serpenteia entre as árvores...
«A lua branca, no
bosque brilha. De cada ramo, parte uma voz: Oh, bem amada!»
Lá bem longe, sopram os gigantes grandes tubos e escudos dos ventos. Mas
não aqui, nessa calma, massa lassitude plácida. A gruta se enviesa em si.
Velam-se as paisagens em harmonia oblíqua. Desço a ladeira, saio da massa da
paisagem, intocado. Passo. Em vão. Cruzam-me ruas, calçadas em diagonal,
lusco-fusco, molhadas da madrugada, vitrificadas do nada, amassadas por grandes
árvores escuras que se curvam no meio do vento como comadres assanhadas. As
folhas escorregam pelo chão. Não é rua, mas o Bois de Vincennes, Paris. Os
lencinhos das folhas das árvores caem. Flutuam, gélidos.
Um vulto cabisbaixo sob as formidáveis árvores passa, envolto em manto
preto, desaparecendo mergulhado na neblina de luz da lua. É uma velha. Que
prossegue. Ela fala baixinho e sozinha gesticula (balbuciando talvez suas
coisas do passado, referindo-se a seres que já morreram, ou será uma prece
repetida em murmúrios por aléias velhas ali mesmo onde talvez ela conhecera seu
jovem amor, talvez).
Eu a sigo. Vejo-a esconder de mim umas notas velhas, amassadas,
amarradas em nó de pano. Talvez pense que sou um ladrão (e talvez eu mesmo
seja), do tempo, do passado, de histórias de narrativas... aquilo não é
dinheiro, mas algo mais precioso, mais raro, as velhas cartas de amor, sobras
daquela era curva de preto. Ela já não me vê, mas pressente, eu a sigo, como um
assassino. Ela prossegue, figura embaçada, saída das brumas do seu desconhecido
passado.
Agora chove.
Pois na face da paisagem (aquelas
árvores encurvadas sob a chuva fina, aquelas aléias e o lago por cuja
superfície lisa onde cai a gélida geada) aquela mulher prossegue já coberta
pela sombrinha... eu estou perto daquele templo tibetano karma-kagiu, a velha
meio torta, resmunga alguma coisa para um invisível ser a seu lado,
apontando-o, acusando-o com o dedo indicador, em ameaça: «você me abandonou»,
parece gritar.
Mas, louca, um sorriso se esmalta, e depois a estranha gargalhada,
sardônica, louca teatralidade, que se espalha, por todo o espaço do mundo
daquele bosque se espraia... a vera, a realidade da horrível comédia... o
sorriso...
Oh, poucos puderam presenciar tão
rara de face para o meio da noite escura, naquela facetada madrugada, pois a
senhora parou, sem me ver, ria-se tragicamente para a capa do copa daquelas
grandes árvores altas, falando aquelas incompreensíveis coisas naquele idioma
histórico, desusado, arquivado e raro... e desapareceu como a sombra da neblina
onde fiquei à espera de que os grandes gigantes aparecessem para a minha luta.
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E SOMENTE A NOITE COMPREENDIA AS SUAS PALAVRAS
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