sexta-feira, 16 de março de 2012

INFANTIL

INFANTIL

O menino ia no mato
E a onça comeu ele.
Depois o caminhão passou por dentro do corpo do menino
E ele foi contar para a mãe.
A mãe disse: Mas se a onça comeu você, como é que
o caminhão passou por dentro do seu corpo?
É que o caminhão só passou renteando meu corpo
E eu desviei depressa.
Olha, mãe, eu só queria inventar uma poesia.
Eu não preciso de fazer razão.

Manoel de Barros
em Tratado geral das grandezas do ínfimo

Enviado por Amélia Pais

3 comentários:

Unknown disse...

Bárbaro!

Adoro Manoel de Barros.

Beijos

Mirze

Luiz Filho de Oliveira disse...

Manoel é mesmo o Barro de onde nascem poemas maravilhosos de simplicidade. Me lembra umas leituras de Raul Bopp amazônico e antropofágico.

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

OBRIGADO, AMIGOS

CONCORDO COM AMBOS