segunda-feira, 5 de março de 2012

4 poemas de e.e. cummings (USA,1894-1962‏)

(Enviados por Amélia Pais)

à atemporalidade e ao tempo igual,
o amor não tem início nem final:
se nada andar nadar nem respirar
o amor serão o vento a terra e o mar
(amantes sofrem? cada divindade
lhes veste a pele com mortal vaidade:
amantes são felizes? seu querer
cria universos ao menor prazer)
amor é a voz por trás do que se cala,
esperança que o medo não cancela:
força tão forte que nem força abala:
verdade antes do sol e além da estrela
– amantes amam? ora, o tolo e o esperto
que preguem céu e inferno, tudo certo

.
Being to timelessness as it’s to time,
love did no more begin than love will end:
where nothing is to breathe to stroll to swim
love is the air the ocean and the land
(do lovers suffer? all divinities
proudly descending put on deathful flesh:
are lovers glad? only their smallest joy’s
a universe emerging from a wish)
love is the voice under all silences,
the hope which has no opposite in fear:
the strength so strong mere force is feebleness:
the truth more first than sun more last than star
– do lovers love? why then to heaven with hell.
whatever sages say and fools, all’s well
.
\\
.
amo você (mais linda namorada)
como a ninguém na terra inteira e eu
amo-a bem mais que tudo que há no céu
– há luz solar e canto à sua chegada
embora o inverno espalhe em toda parte
tanto silêncio e tanta escuridão
que ninguém mais percebe outra estação
grassar na vida (minha vida à parte) –
e se o que se diz mundo por favor
ou sorte ouvisse o canto (ou visse que
a luz do meio-dia se avizinha
quão mais feliz o coração caminha
a perto de mais perto de você
creria (namorada) só no amor

.
i love you much (most beautiful darling)
more than anyone on the earth and i
like you better than everything in the sky
– sunlight and singing welcome your coming
although winter may be everywhere
with such a silence and such a darkness
noone can quite begin to guess
(except my life) the true time of year –
and if what calls itself a world should have
the luck to hear such singing (or glimpse such
sunlight as will leap higher than high
through gayer than gayest someone’s heart at your each
nearness) everyone certainly would (my
most beautiful darling) believe in nothing but love
.
\\
.
serás feliz e jovem mais que tudo
Pois se és jovem, a vida que vestires
há de tornar-se tu;e se és feliz,
tal qual deseja a vida assim serás.
Meninas (os) precisam de meninos (as)
e basta: posso amar somente aquela
cujo mistério é dar espaço à carne
e arrebatar o tempo à alma do homem
e quanto a cogitar se deus proíbe
e (em sua graça) puro amor se exclui:
pois nisso irão razão,tumba fetal
dita progresso, e injuízo final
digo que aprendo canto com um pássaro
mas não ensino a não dançar estrelas.

.
you shall above all things be glad and young
For if you’re young, whatever life you wear
it will become you; and if you are glad
whatever’s living will yourself become.
Girlboys may nothing more than boygirls need:
i can entirely her only love
whose any mystery makes every man’s
flesh put space on;and his mind take off time
that you should ever think,may god forbid
and (in his mercy) your true lover spare:
for that way knowledge lies, the foetal grave
called progress, and negation’s dead undoom.
I’d rather learn from one bird how to sing
than teach ten thousand stars how not to dance

.
morrer tudo bem) mas Morte
? ah
meu bem
eu
não gostaria da
Morte se a Morte
fosse boa: pois
quando (em vez de parar de pensar) se
sente chegar, morrer
é um milagre
por quê? é
que morrer é
perfeitamente natural; perfeitamente
para dizer
o mínimo vívido(mas a
Morte
é rigorosamente
científica
& artificial &
maligna & jurídica)
agradecemos-te
deus
todo-poderoso por morrer
(perdoai-nos,ó vida! o pecado da Morte

.
dying is fine)but Death
?o
baby
i
wouldn’t like
Death if Death
were
good:for
when(instead of stopping to think)you
begin to feel of it,dying
‘s miraculous
why?be
cause dying is
perfectly natural;perfectly
putting
it mildly lively(but
Death
is strictly
scientific
& artificial &
evil & legal)
we thank thee
god
almighty for dying
(forgive us, o life! the sin of Death


Trad. Gil Pinheiro 

2 comentários:

Unknown disse...

Magníficos poemas!

Todos. Do amor à morte!

Excelente escolha, Rogel.

Beijos

Mirze

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

a escolha foi da Amelia Pais