Tomie Ohtake aos cem anos: "A gente trabalha e nem percebe que está velho"
Do UOL*, em São Paulo
Foi em 1936 que a jovem Tomie Ohtake desembarcou no Brasil, vinda de
Kyoto, no Japão. E quase 20 anos depois ela virou artista. A pintora
japonesa naturalizada brasileira completa nesta quinta-feira (21) cem
anos de vida e garante que nem viu o tempo passar. "A gente trabalha e
nem percebe que está ficando velho", disse ela em entrevista ao UOL.
Conhecida pelas pinturas sem título, as seis décadas de trabalho incluem também gravuras e esculturas, e a permanente pesquisa sobre abstração com elementos simples, como cores monocromáticas, traços e círculos feitos à mão livre. A artista abre na sexta-feira, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, a terceira e última das mostras que celebram seu centenário. "Eu só percebo [que o tempo passa] quando vejo os livros com as minhas obras, quando são organizadas as exposições, quando encontro com pessoas que têm trabalhos nas suas coleções ou viram em lugares diferentes, aí eu constato que trabalhei bastante".
Tomie começou a pintar em 1952, com quase 40 anos de idade. "No início foi a procura do caminho, depois um abstracionismo mais definido, seguido da pintura cega", relembra. "Comecei a pintar figuras geométricas, sem ser geométrica (1963), depois um pouco mais geométrica, as linhas, sem ser figuras. Quando já estava nos anos 1980, as minhas pinturas tinham mais texturas, o Miguel Chaia dizia que eram cósmicas, eu procurava transparência e profundidade", conta ela.
"Só agora nestes últimos anos, faço texturas uniformes com movimentos pequenos de pincel, construindo linhas e formas internas, que é a minha fase atual. Isso que eu falei tinha que ser dito por um historiador ou crítico de arte, com fundamentação e com palavras bonitas, afinal eu prefiro pintar", conta.
Tomie fez sua primeira exposição individual de destaque no Museu de Arte Moderna em 1957. Participou de oito edições da Bienal de São Paulo e em 1973 esteve na Bienal de Veneza. Já ganhou mostras no Masp (Musica de Arte de São Paulo), no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro e no Hara Museum of Contemporary Art, em Tóquio. Mas ela tem certa a referência de sua obra: "A minha pintura é ocidental, mas deve ter influência japonesa".
Ante a diversidade de linguagens e novas mídias atuais dentro das artes, Tomie é clara sobre as adaptações necessárias. "Faz parte da história que a todo tempo a arte se modifique e se desenvolva. Há 40 anos atrás, eu me lembro que falavam que a pintura estava morta, pelo aparecimento de outras modalidades artísticas. Acho que só vieram a acrescentar. É importante que se mostre arte, que se estude, se publique, se debata e se divirta com arte".
*Com informações de Gabriel Mestieri
Conhecida pelas pinturas sem título, as seis décadas de trabalho incluem também gravuras e esculturas, e a permanente pesquisa sobre abstração com elementos simples, como cores monocromáticas, traços e círculos feitos à mão livre. A artista abre na sexta-feira, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, a terceira e última das mostras que celebram seu centenário. "Eu só percebo [que o tempo passa] quando vejo os livros com as minhas obras, quando são organizadas as exposições, quando encontro com pessoas que têm trabalhos nas suas coleções ou viram em lugares diferentes, aí eu constato que trabalhei bastante".
Tomie começou a pintar em 1952, com quase 40 anos de idade. "No início foi a procura do caminho, depois um abstracionismo mais definido, seguido da pintura cega", relembra. "Comecei a pintar figuras geométricas, sem ser geométrica (1963), depois um pouco mais geométrica, as linhas, sem ser figuras. Quando já estava nos anos 1980, as minhas pinturas tinham mais texturas, o Miguel Chaia dizia que eram cósmicas, eu procurava transparência e profundidade", conta ela.
"Só agora nestes últimos anos, faço texturas uniformes com movimentos pequenos de pincel, construindo linhas e formas internas, que é a minha fase atual. Isso que eu falei tinha que ser dito por um historiador ou crítico de arte, com fundamentação e com palavras bonitas, afinal eu prefiro pintar", conta.
Tomie fez sua primeira exposição individual de destaque no Museu de Arte Moderna em 1957. Participou de oito edições da Bienal de São Paulo e em 1973 esteve na Bienal de Veneza. Já ganhou mostras no Masp (Musica de Arte de São Paulo), no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro e no Hara Museum of Contemporary Art, em Tóquio. Mas ela tem certa a referência de sua obra: "A minha pintura é ocidental, mas deve ter influência japonesa".
Ante a diversidade de linguagens e novas mídias atuais dentro das artes, Tomie é clara sobre as adaptações necessárias. "Faz parte da história que a todo tempo a arte se modifique e se desenvolva. Há 40 anos atrás, eu me lembro que falavam que a pintura estava morta, pelo aparecimento de outras modalidades artísticas. Acho que só vieram a acrescentar. É importante que se mostre arte, que se estude, se publique, se debata e se divirta com arte".
*Com informações de Gabriel Mestieri
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