China pediu a comitiva do Brasil para evitar dalai-lama
RANIER BRAGON
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
Dois
deputados federais brasileiros que se reuniram no último dia 4 com o
principal líder do budismo tibetano, o dalai-lama, afirmaram que a
Embaixada da China no Brasil tentou demovê-los da viagem sob o argumento
de que ela seria "lesiva" à relação com Pequim.
O
dalai-lama, 78, recebeu, por uma hora e 20 minutos, os deputados Walter
Feldman (PSB-SP) e Pastor Eurico (PSB-PE) em Dharamsala, na Índia, onde
está exilado desde o frustrado levante de 1959 contra a dominação
chinesa.
Segundo
Feldman, o dalai-lama, Nobel da Paz em 1989, manifestou aos
parlamentares esperança de retomar o diálogo com a China, apesar da
alegada repressão a tibetanos que se manifestam pela autonomia da
região.
Ainda
de acordo com Feldman, que também falou em nome do colega que o
acompanhou, cerca de 25 deputados tinham a intenção de integrar a missão
(aprovada pela Câmara) antes da pressão da embaixada chinesa.
"Em
uma audiência com o embaixador da China [Li Jinzhang], ele sugeriu que a
gente fosse ao Tibete, não a Dharamsala", disse Feldman, que coordena a
Frente Parlamentar de Amigos do Tibete.
"Tivemos
um jantar na casa do embaixador em que ele disse que o Brasil tem
ampliado sua relação cultural e econômica com a China e que essa viagem
seria uma lesão a essas relações, uma manifestação política muito
negativa", afirmou o deputado.
A China argumenta que o Tibete está incorporado ao seu território há séculos.
Há
pouco mais de um mês, uma leva de deputados viajou a Pequim e Xangai a
convite do governo chinês, com o objetivo oficial de conhecer ações "nas
áreas de transporte coletivo, energia renovável e combate às drogas".
Em
outra missão, também foi ao país o vice-presidente da República, Michel
Temer, que foi recebido pelo presidente chinês, Xi Jinping.
RELAÇÃO BILATERAL
A
Embaixada da China no Brasil não se manifestou. O Itamaraty confirmou
ter sido procurado pela representação chinesa sobre a viagem dos
deputados a Dharamsala, mas disse que a China "conhece plenamente a
posição brasileira de que o dalai-lama é considerado um líder
espiritual, sem status político, cujas visitas ao Brasil jamais tiveram
caráter oficial".
A
China é o principal destino das exportações brasileiras (US$ 36 bilhões
de janeiro a setembro) e responsável por 20% do consórcio que no mês
passado assegurou o direito de explorar Libra, o maior campo de petróleo
já descoberto no Brasil.
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