quinta-feira, 17 de março de 2011

Dalai-lama se nega a reconsiderar sua saída da vida política



NA FOTO, DALAI LAMA COM 7 ANOS



DA FRANCE PRESSE, EM DHARAMSALA

O Dalai-lama rejeitou, nesta quinta-feira, os pedidos do Parlamento tibetano para que reconsidere a decisão de abandonar as funções políticas dentro do movimento tibetano.

Ao ser questionado sobre uma possível mudança de ideia, o Prêmio Nobel da Paz declarou à agência France Presse: 'Não. Eu pensei por muitos anos (...), minha decisão em longo prazo é a melhor'.

O líder espiritual dos tibetanos anunciou na quinta-feira passada que renunciava a seu papel político para deixar o posto a um novo dirigente "livremente eleito", uma decisão que o governo da China classificou de "ardil" para enganar a comunidade internacional.

"Meu desejo de transmitir a autoridade não tem nada a ver com uma vontade de renunciar às responsabilidades", declarou o Dalai-lama durante um discurso em Dharamsala, norte da Índia, onde vive exilado.

"É pelo bem em longo prazo dos tibetanos. Não porque me sinta desanimado", completou.

Em um debate histórico no Parlamento tibetano no exílio na terça-feira, a maioria da assembleia composta por 47 membros se opôs a esta decisão, repercutindo a opinião pública tibetana.

Na carta, dirigida aos parlamentares, o Dalai-lama, de 75 anos, adverte que qualquer adiamento da decisão da Assembleia a respeito de sua aposentadoria política pode representar um "desafio esmagador" no futuro.

O afastamento político do Dalai-lama deve ser aprovado primeiro pelo Parlamento, mas isso poderá levar semanas devido a diversas posições conflituosas por parte dos parlamentares.

Sem nenhuma responsabilidade política, o Dalai-lama terá mais tempo para dar conferências e viajar por diversos lugares do mundo, como afirmou.

No domingo, cerca de 85.000 exilados de 13 países votarão para eleger um novo primeiro-ministro que poderá assumir maiores responsabilidades, como deseja o Dalai-lama.

O religioso e Prêmio Nobel da Paz considera que o movimento tibetano está suficientemente maduro para eleger diretamente o novo chefe de Governo tibetano no exílio.

"Se tivermos que seguir exilados durante várias décadas, chegará inevitavelmente o momento em que eu não serei mais capaz de assumir o governo", afirma na carta, lida pelo presidente do Parlamento.

"Por isto é necessário estabelecer um sistema de governo enquanto eu ainda estou em boas condições de saúde, para que a administração tibetana no exílio seja autônoma e não dependente do Dalai-lama", completa o texto.

O prêmio Nobel da Paz em 1989 tinha 15 anos quando foi nomeado 'chefe de Estado' em 1950, após a chegada das tropas chinesas ao Tibet.

Em 1959 fugiu da China e se refugiou em Dharamsala, após o fracasso de uma revolta contra Pequim.

O Dalai-lama, herdeiro de uma dinastia espiritual fundada no século XIV, acredita que o "caminho do meio" é a melhor solução.

Nascido em 6 de julho de 1935 em uma família camponesa da aldeia de Taksar, no nordeste do Tibet, Lhamo Dhondrub foi eleito como 14a. encarnação do chefe supremo do budismo tibetano, o Dalai-lama, quando tinha apenas 4 anos, em 22 de fevereiro de 1940.

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