quinta-feira, 10 de março de 2011

Obra de Oscar Niemeyer é descartada em Manaus










Única obra para Manaus projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, hoje com 103 anos, a construção do Memorial Encontro das Águas foi oficialmente descartada pela Prefeitura da capital amazonense.

Caso o memorial fosse construído, Manaus seria a segunda cidade da Amazônia a ter um projeto elaborado pelo arquiteto brasileiro de maior projeção mundial.

O único na região amazônica assinado pelo renomado arquiteto é o Memorial da Cabanagem, em Belém (PA).

O projeto do Memorial Encontro das Águas custou aos cofres públicos, em 2005, R$ 600 mil.

Este valor é considerado “módico” pelo vereador Mário Frota (PDT), na época vice-prefeito de Manaus e um dos principais articuladores do projeto junto a Niemeyer, diante da envergadura do autor do projeto.

O Memorial seria construído em um terreno desapropriado pela Prefeitura há alguns anos e que pertencia à Embratel, na margem do rio Negro, cuja vista é justamente o encontro das águas.

Nesta semana, a Prefeitura de Manaus confirmou que o terreno foi “doado” ao governo do Estado para que este construa na área um Fun Park. Detalhes da transação do processo de doação não foram divulgados.

Ao doar o terreno, a prefeitura também abandonou o projeto de construir o Parque Ecológico Encontro das Águas, anunciado ano passado, em entrevista coletiva dada pelo prefeito Amazonino Mendes.

Inviabilizado


O descarte do projeto do Memorial Encontro das Águas, até então, era apenas extra-oficial, como se ele ainda estivesse no limbo.

Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Infra-Estrutura (Seminf) confirmou que o projeto não faz parte dos planos da prefeitura.

Em nota oficial, a assessoria afirma que o projeto “foi inviabilizado na própria gestão do ex-prefeito Serafim Corrêa”, encerrada em 2008. Corrêa não se reelegeu e em seu lugar assumiu Amazonino Mendes.

Segundo a assessoria da Seminf, na gestão de Corrêa o projeto estava orçado em R$ 16 milhões e ainda teriam que ser gastos mais R$ 8 milhões em proteção da encosta, o que totalizaria mais de R$ 24 milhões. Este foi o motivo, segundo a assessoria, da desistência da gestão de Serafim Corrêa.

O ex-prefeito nega essa justificativa da atual administração da prefeitura de Manaus. Serafim diz que o projeto não foi executado pela falta de recursos disponíveis.

“Lamento profundamente não ter sido possível quando fui prefeito de Manaus a implantação do projeto pela absoluta falta de recursos. Agora a Prefeitura de Manaus tem muito mais recursos do que eu tive. Os dois primeiros anos da atual administração comparado com os meus dois primeiros anos tiveram uma arrecadação maior em um R$ 1,3 bilhão previstos para implantar o projeto”, comentou.

Para o ex-prefeito, a obra não foi tocada somente porque foi uma ideia de sua administração.

“O local é de uma vista privilegiada, pois está 60 metros acima do rio. Esse projeto que daria à cidade e principalmente ao turismo uma vista maravilhosa deve ser implantado. É muita pequenez diante da beleza do projeto do Niemeyer e da magnitude do Encontro das Águas”, afirmou.

Devagar

Responsável pelo primeiro contato com Oscar Niemeyer, o agora verador Mário Frota afirma que a gestão “devagar” de Serafim Corrêa ajudou a atrasar as obras do Memorial Encontro das Águas.

No entanto, Frota discorda que o projeto foi inviabilizado na gestão anterior e descreve como uma “coisa pequena e mesquinha” o desinteresse da gestão atual em executar a obra.

“O projeto seria a grande assinatura do Serafim. Ele poderia ter tocado o projeto, mas isso não significa que não poderia ser construído depois. Infelizmente há uma tradição ruim, de terceiro mundo, do administrador não continuar o projeto. Teme financiar algo pensando pelo seu antecessor”, observou.

Hoje vereador, Mário Frota também lamenta que suas duas tentativas de incluir a obra do Memorial Encontro das Águas no orçamento municipal tenha sido negado na Câmara Municipal de Manaus.

Fun Park


O coordenador da Unidade Gestora do Projeto da Copa de 2014, Miguel Capobiango, afirmou que o governo ainda vai discutir como formular um programa de trabalho para a construção do empreendimento no Mirante da Embratel.

Uma das propostas é que seja um modelo conhecido como Fun Park, destinado especialmente para servir de uma área turística para a Copa de 2014. Ele não soube dizer se o projeto de Oscar Niemeyer será utilizado.

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