AGRIPA VASCONCELOS
Rogel Samuel
Foi um escritor de
sucesso. Seus livros venderam milhares e ainda vendem. Agripa Vasconcelos
escreveu «Silêncio», poemas, que o levou à Academia Mineira de Letras, aos 22
anos de idade, sucedendo a Alphonsus de Guimaraens: O livro se vendeu no Rio em
30 dias e está esgotado até hoje. "Nós e os Caminhos do Destino", foi
outro êxito. O romance "Fome em Canaã" concorreu ao Concurso da
Revista "O Cruzeiro", e foi
premiado. "Suor de Sangue" ganhou o prêmio "Olavo
Bilac", da Academia Brasileira de Letras, primeiro prêmio dos livros
brasileiros de poesia, em 1949. Depois veio "A Morte do Escoteiro
Caio".
Escreveu livros
científicos - "De que morreu o Aleijadinho", em que diagnosticou a
morte de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho: especialistas, em livros
posteriores confirmam seu parecer, como o mestre Miguel Couto, que escreveu ao
aluno que entregava a mão à palmatória, convencido que ficara de seu antigo
erro.
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Agripa escritor
mineiro de corpo e alma, um verdadeiro fanatismo.
«Para ele, os poetas,
os ensaístas, os romancistas mais notáveis da América são os de Minas Gerais»,
disse um crítico.
A Editora Itatiaia
publicou ''São Chico", uma saga sobre o Rio São Francisco e "Gado
Preto em ouro verde", o ciclo da cultura do café e da escravidão.
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Era médico, foi para o
Nordeste como cirurgião-chefe da Companhia Hidro Elétrica de Paulo Afonso,
Bahia, onde construiu o "Hospital Nau Souza".
Aposentado do Banco do
Brasil, do Instituto Federal e de companhias particulares no Recife, onde
clinicou. Faleceu em Belo Horizonte, no dia 21 de janeiro de 1969.
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Escreveu romances de
sucesso: «Sinhá braba, «A vida em flor de dona Beja» (que inspirou a famosa
novela), «Gongo-sogo», «Chica que manda», um excelente romance sobre Chica da
Silva.
Em carta de Recife ao
seu Editor, Pedro Paulo Moreira, disse:
"Minha vida nada tem de importante para seu estudo. A
profissão de médico rural que fui no começo me aproximou do povo, da ralé
desclassificada. E dos humildes sem justiça. Quando examino algum deles procuro
conhecer vida e hábitos, o linguajar, as lendas, o folclore de sua região.
Poucos conhecem o interior com mais profundidade. Homem de nenhuma vaidade,
nenhum orgulho, sou um trabalhador por prazer e meus trabalhos refletem meus
conhecimentos do nosso povo, daí e daqui. Uma opinião que me agradou foi a do
querido Ascenso Ferreira: Seu livro sobre Beja foi o melhor romance que
li". (Agripa)
Como poeta está quase
desconhecido.
Era um poeta
parnasiano tardio, como tantos outros.
Seu belo poema «Chuva
do mar», para mim, é um clássico do gênero:
Quando Raquel casou,
naquela tarde mansa
Vi desfeito de vez meu
sonho de criança. . .
Um desespero atroz meu
ser avassalou!
Mas alguém que conhece
os mistérios do mundo
Num sussurro me disse
um conselho profundo:
- Isso é chuva do mar.
Vai passar.
E passou.
Quando, ainda mocinho,
eu senti, doido de ira,
Que, parecendo certo,
era tudo mentira
O amor que me jurara a
pérfida Margot,
Quis Morrer - mas
alguém que conhece essa vida
Me falou, sem calor,
mas em frase sentida: ,
- Isso é chuva do mar:
Vai passar.
E passou.
Quando Ofélia seguiu
seu destino sombrio,
Senti, como ainda
sinto, o coração vazio!...
Faz tanto tempo já que
nem sei mais quem sou!
Mas quem viu, em meu
pranto uma simples garoa
Quis em vão me dizer
uma palavra boa:
- Isso é chuva de mar.
Vai passar.
Não passou.
Nasceu a 12 de abril
de 1900, em Matosinhos, município de Santa Luzia. Aluno de Carlos Góis e
Aurélio Pires, que o consideraram o melhor aluno que tiveram.
Afrânio Peixoto, que
era catedrático, quis conhecê-lo e essa amizade se prolongou até a morte do
grande mestre nacional.
Na epidemia da gripe
de 1918, no Rio de Janeiro, levado por Leal de Souza, prestou serviços a Coelho
Neto, que o considerou sempre "amigo dos que mais viveu em meu
coração".
Foi interno do mestre
Miguel Couto, que escreveu, ao celebrar seu 25º aniversário como professor, no
Hotel Glória, do Rio, que seus melhores internos tinham sido até então Leitão
da Cunha, Otávio Aires, Gastão Crulz e Agripa Vasconcelos. A lágrima nos olhos
de Miguel Couto revela que sempre o considerou como filho.
No fim do curso médico
foi orador de sua turma; e Miguel Couto, paraninfo. Este começou sua oração com
o elogio de seu aluno, fato até hoje inédito na oração dos paraninfos.
Um comentário:
Seu nome consta no livro "Dona Joaquina do Pompeu"(editado em 1956)-dos autores:Coriolano Pinto Ribeiro e Jacinto Guimarães.É tido como descendente da notória fazendeira de Minas Gerais.
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