Intolerância em escola vai parar em Brasília
A vereadora Lucia Antony (PCdoB) pediu a realização de uma audiência publica para discutir a polêmica causada por alunos evangélicos da Escola Estadual Senador João Bosco de Ramos Lima, na zona norte de Manaus, que se negaram a fazer um Projeto Interdisciplinar de Preservação da Identidade Étnico Cultural, que tratava da cultura afro-brasileira; os estudantes teriam entendido o trabalho passado a eles “faz apologia ao satanismo e ao homossexualismo”; um documento sobre o assunto será protocolado ainda hoje junto às secretarias de Direitos Humanos e da Políticas da Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, em BrasíliaA vereadora quer discutir a intolerância etnico-religiosa com as secretarias municipal e estadual de educação, movimentos sociais, incluindo entidades que cuidam dos interesses de minorias como negros e homossexuais.
De acordo com Antony, a intolerância religiosa no país tem se tornado constante e precisa ser discutida com a sociedade. "Nosso país é plural e precisamos tratar disso". Vereadores da bancada evangélica também se manifestaram sobre o tema.
O vice-presidente da Câmara Municipal de Manaus, Marcel Alexandre (PMDB), defendeu a recusa dos alunos, afirmando que o trabalho deveria tratar apenas da cultura africana, não envolvendo religiões como candomblé e umbanda. "Os alunos não foram intolerantes. Foram coerentes com a fé que acreditam. Precisamos ter cuidado, porque eu quero saber qual o pai, quando fosse falar de candomblé, vai aceitar ver seu filho ter um transe na sala de aula".
O vereador Luis Alberto Carijó (PDT) pediu cuidado aos vereadores ao tratar da questão e afirmou que os alunos, antes demais nada, estão em fase de conhecimento e por isso, precisam estudar todo tipo de cultura e religião. Ele considerou também, que a escola deveria ter lidado melhor com o tema.
Segundo o jornal a Crítica, o coordenador-geral da Coordenação Amazônica da Religião de Matriz Africana e Ameríndia (Carma), Alberto Jorge Rodrigues, deverá pedir fiscalização e o acompanhamento dos alunos que se recusaram a fazer o trabalho escolar. Rodrigues classificou o episódio como um desrespeito aos ascendentes afros que ajudaram a construir o Brasil. “Isso é apenas a ponta de um iceberg, há uma guerra religiosa oculta e, por trás de tudo isso, há vários segmentos envolvidos, propagando o preconceito e racismo institucional”, disse ao jornal A Crítica.
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