quarta-feira, 28 de novembro de 2012

CANTIGA SIMPLES

OLEGÁRIO MARIANNO

CANTIGA SIMPLES
 
 
  Rio, que cantas as mágoas, 
Que queres com o teu cantar? 
Quero levar minhas águas 
Até às águas do mar. 

Árvore, que ergues os braços, 
Que queres a bracejar? 
Quero galgar os espaços 
Para o sol me acariciar. 

Nuvem, de côres estranhas, 
Que queres a galopar? 
Quero descer às montanhas, 
Vestir montanhas de luar. 

Lua feita de incerteza, 
Que queres com o teu palor? 
Quero boiar na tristeza 
Dos olhos do teu amor. 

Pastor, que sobes o monte, 
Que queres galgando-o assim? 
Quero ver do alto o horizonte, 
Que foge sempre de mim. 
 

Estréia, pequena e clara, 
Que queres? Dize, eu te dou. 
- Quero ser a jóia rara 
Da mulher que nunca amou. 

Onda crêspa, onda serena, 
Que queres no teu vaivém? 
Beijar a pele morena 
Da praia que me quer bem. 

Andorinha peregrina, 
Que queres de asas ao léu? 
- Quero morar na colina 
Mais alta, perto do céu. 

Coração, que em comovida 
Marcha, bates, sofredor, 
Que queres? Prazer ou dor? 
- “Eu nada quero da vida, 
Além da vida do Amor”. 


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