OLEGÁRIO MARIANNO
CANTIGA SIMPLES
Rio, que cantas as mágoas,
Que queres com o teu
cantar?
Quero levar minhas
águas
Até às águas do
mar.
Árvore, que ergues os
braços,
Que queres a
bracejar?
Quero galgar os
espaços
Para o sol me
acariciar.
Nuvem, de côres
estranhas,
Que queres a
galopar?
Quero descer às
montanhas,
Vestir montanhas de
luar.
Lua feita de
incerteza,
Que queres com o teu
palor?
Quero boiar na
tristeza
Dos olhos do teu
amor.
Pastor, que sobes o
monte,
Que queres galgando-o
assim?
Quero ver do alto o
horizonte,
Que foge sempre de
mim.
Estréia, pequena e
clara,
Que queres? Dize, eu
te dou.
- Quero ser a jóia
rara
Da mulher que nunca
amou.
Onda crêspa, onda
serena,
Que queres no teu
vaivém?
Beijar a pele
morena
Da praia que me quer
bem.
Andorinha
peregrina,
Que queres de asas ao
léu?
- Quero morar na
colina
Mais alta, perto do
céu.
Coração, que em
comovida
Marcha, bates,
sofredor,
Que queres? Prazer ou
dor?
- “Eu nada quero da
vida,
Além da vida do
Amor”.
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