A mala de madeira
A mala de madeira
NEUZA MACHADO
(Obra: Klee)
Ribamar
“tirara o chapéu para falar com ela”. Este diálogo entre Ribamar
(d’Aguirre) de Sousa e D. Maria de Abreu finaliza o capítulo ONZE:
RIBAMAR, distinguido como homenagem à casa primordial e à sua relembrada
proprietária. Contudo, significa, também, a apresentação do novo
personagem Ribamar de Sousa, agora ostentando um original apelido
(sobrenome) socialmente mais condecorado, um diferenciado “d’Aguirre”,
onomatopaicamente representativo de um “ânimo belicoso”, propenso a
lutas titânicas ao longo do caminho da independência financeira. A “mala
de madeira enrolada na mão” de Ribamar de Sousa ainda levaria/levará
algum tempo para transformar-se em arca de tesouro. Ribamar teria/terá
ainda de trabalhar bastante, tornar-se sócio de Juca das Neves,
tornar-se um representante da burguesia manauara, casar-se com a rica
Diana d’Artigues, tornar-se político influente, para, a partir de todas
essas mudanças de vida, alcançar, nos capítulos finais, a novidade da
riqueza.
No capítulo seguinte DOZE: MANAUS, o Ribamar foi ao
encontro de seu grandioso futuro destino, mas o “Juca das Neves não
estava” em casa, naquele momento, estava no “Armazém das Novidades”,
espaço ainda desconhecido ao novo personagem itinerante.
“Ribamar
desceu a Rua Barroso”, “desceu a rua 24 de Maio”, mas, “em vez de se
sentir só, estava leve e aberto às múltiplas possibilidades daquela
cidade. Tudo dentro dele dizia que ele pisava aquele solo para vencer”.
Oh, ruturas! Quantas e inúmeras vezes, depois de cansativas subidas
íngremes, o narrador viu-se descendo algumas ladeiras do Mundo, em
direção ao Centro de si mesmo, “leve e aberto às suas múltiplas
possibilidades” e consciente, apesar dos inúmeros obstáculos, de que
estava pisando vitoriosamente o solo universal.
O fogo da labareda da serpente
Sobre O AMANTE DAS AMAZONAS, de Rogel Samuel
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