segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

FARIAS DE CARVALHO

FARIAS DE CARVALHO 
 
Prólogo
 
 
Desses mortos ocasos esquecidos 
chega-me agora o pássaro de cinza; 
de ontem são suas asas, de silêncio 
o seu bico pousado sobre a ponte entre o vencido vale e o bosque a entrar, 
bica-me o peito onde marés antigas 
jogam restos de mastros e fantasmas 
desses velhos piratas que ficaram tatuados na penumbra de olhos idos. 
E sem saber talvez do inútil intento 
ninha o vazio do momento, à espera da comida do sonho que ontem davam 
essas mãos que se foram, consumidas 
nesses mortos ocasos esquecidos...
[Pássaro de cinza. Manaus, Valer, 2.000]

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