A praia de Matthew Arnold
Rogel Samuel
Matthew Arnold é um poeta inglês
(1822-1888) que, junto de Tennyson e Robert Browning é um dos chamados autores vitorianos.
Também foi pioneiro na crítica literária e da sociedade, considerado o primeiro
moderno. Influenciou gente como Eliot e Allen Tate, e inaugurou a crítica
sociológica. Como poeta, alguns o consideram o maior de sua geração. A sua
visão de mundo é pessimista e sua poesia triste, cinzenta, como sua famosa
“Praia de Dover”, de que transcrevemos parte:
O Mar da Fé
Também existiu, no passado,
cheio, e em volta da praia do mundo
Estendia-se como as dobras de uma
faixa desdobrada.
Agora, porém, somente lhe escuto
O bramido melancólico, longo,
fugidio,
Que se aparta para as lufadas
Do vento noturno, escorrendo por
vastas e horrendas costas
E pelos areais desnudos do
mundo.”
“Ah!, amor, sejamos fiéis
Um ao outro.
Pois o mundo, que parece
Estender-se à nossa frente como
uma terra de sonhos,
Tão diversas, tão formosas, tão
novas,
Na verdade não tem nem alegria,
nem amor, nem luz,
Nem certeza, nem paz, nem
lenitivo para a dor;
E estamos aqui como numa planície
penumbrosa,
Varrida de confusos alarmas de
combate e de fuga,
Na qual exércitos ignorantes à
noite travam batalha.”
O mundo que ali aparece é o
nosso, em guerra, em destruição e guerra, varrido de balas e alarmes de
combate, o mundo escuro, onde exércitos combatem às cegas, - o que parece uma
terra de sonhos na verdade não tem luz. Há um vento escuro, na orla da praia, o
ambiente é sinistro e deserto, estranho para um poema de amor. Este contraste é
o que faz desse fragmento de poema um marco, o amor enquanto desastre, ou
melhor, o amar no desastre entre as trincheiras da guerra!
Dá para lembrar “Waste Land” de Eliot, ou o seu famoso poema “A CANÇÃO DE AMOR DE
J. ALFRED PRUFROCK”.
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