quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Morreu o poeta mexicano José Emilio Pacheco

 
Figura central da vida literária e cultural do México, foi Prémio Cervantes em 2009.


O escritor e poeta mexicano José Emilio Pacheco morreu no domingo na cidade do México, aos 74 anos, anunciou na segunda-feira a sua filha Laura Emilia Pacheco.
"Morreu tranquilo, morreu em paz", disse a filha, ao referir que a morte foi causada por uma paragem cardiorrespiratória pelas 18h30 de domingo (00h30 de segunda-feira, em Lisboa). José Emilio Pacheco tinha sido hospitalizado no dia anterior na capital mexicana.
Segundo o jornal espanhol El País, desapareceu um dos escritores contemporâneos mais importantes da língua espanhola, ou, por outras palavras, um "dos grandes poetas latino-americanos das últimas décadas". O mesmo jornal cita o escritor Carlos Fuentes, outra referência das letras espanholas, que em 2009, no ano em que Pacheco foi distinguido com o Prémio Cervantes, escreveu: “A sua obra é universal, e participa da glória das letras de todos os tempos."
José Emilio Pacheco escreveu, entre outros títulos, Los Elementos de la Noche (1963), El Reposo del Fuego (1966), Irás y no Volverás (1973), Islas a la Deriva (1976), Desde Entonces (1980), Trabajos en el Mar (1983), El Silencio de la Luna (1995), Siglo Passado (2000), En Resumidas Cuentas (2004) e Como la Lluvia (2009). Alta traición, um dos seus poemas, é uma porta para entender a cultura mexicana e os sentimentos contaditórios que gera em muitos mexicanos, continua o El País.
Na ficção, assinou El Viento Distante y Otros Relatos (1963), Morirás Lejos (1967), El Principio del Placer (1972), As Batalhas no Deserto (1981, editado em Portugal, em 2006, pela Oficina do Livro, com tradução de Luísa Diogo e Carlos Torres) e Tarde de Agosto (1992).
Membro do Colégio Nacional mexicano desde 1986 e criador emérito em 1994 do Sistema Nacional de Criadores Artísticos (SNCA), Pacheco foi director e editor de colecções bibliográficas e de diversas publicações e suplementos culturais.
O escritor deu aulas em universidades dos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido e foi ainda investigador do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH).
Além do Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-americana (2009), outros galardões distinguiram o escritor mexicano: Prémio Nacional de Jornalismo Literário (1980), Prémio Nacional pela trajectória ensaística Malcolm Lowry (1991), Prémio Nacional de Linguística e Literatura (1992), Prémio Ibero-americano de Letras José Donoso (2001) e Prémio Internacional Octavio Paz de Poesia e Ensaio (2003).

DOIS POEMAS

CONTRAELEGÍA

 

Mi único tema es lo que ya no está

Y mi obsesión se llama lo perdido

Mi punzante estribillo es nunca más

Y sin embargo amo este cambio perpetuo

este variar segundo tras segundo

porque sin él lo que llamamos vida

           sería de piedra.

 

 

INDESEABLE

 

No me deja pasar el guardia.

He traspasado el límite de edad.

Provengo de un país que ya no existe.

Mis papeles no están en orden.

Me falta un sello.

Necesito otra firma.

No hablo el idioma.

No tengo cuenta en el banco.

Reprobé el examen de admisión.

Cancelaron mi puesto en la gran fábrica.

Me desemplearon hoy y para siempre.

Carezco por completo de influencias.

Llevo aquí en este mundo largo tiempo.

Y nuestros amos dicen que ya es hora

de callarme y hundirme en la basura.


                   

Nenhum comentário: