Walmir Ayala
ESTAÇÃO
Na geladeira as frutas
escurecem de mortas
as peras são secretas
usinas de água doce,
um mamão decepado
mostra a íntima carne
e as goiabas oloram
seu verão serenado.
Mas são mortas e lentas
neste ofertório as frutas.
Um vapor congelado
contorna seu mistério.
E elas posam no ardor
do branco cemitério
de seu grave pomar.
E a geladeira inventa
surdo primaverar.
(Antologia poética, Ed. Leitura, Rio, I 965)
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