POR JOSE RIBAMAR MITOSO
Teatro Amazonas , o novo romance do escritor Rogel Samuel, combina elementos temáticos originais e forma narrativa sofisticada.
Símbolo arquitetônico do período extrativista da borracha , este teatro carrega muitos sentidos dentro da história do Estado do Amazonas. Significa opulência econômica, mas também desigualdade social. Significa preocupação cultural, mas também dominação ideológica.Significa sofisticação social, mas também truculência.
O certo , porém, é que suas características estéticas e arquitetônicas sempre foram o foco das notícias que vagaram pelo mundo. O ecletismo foi glamourizado como se fosse algo significativo em estética , quando não passa de um barroquismo tardio . No máximo , junto com o foco na história do monumento e seu valor "turístico", pautaram seu significado como obra de governo, no caso, como obra do governo de Eduardo Ribeiro e no contexto da reforma urbana da cidade de Manaus, no final do século XIX.
Rogel rompe com todos estes conteúdos secundários e tematiza os bastidores políticos da construção do Teatro Amazonas. Mais: revela um estilo realista que desnuda a história do Amazonas na passagem da monarquia para a república, na borda do sistema capitalista de exploração da Amazônia. Mais ainda: o faz com uma narrativa romanesca que ultrapassa a grosseria simplória do best-seller mercadológico e com um domínio do material morfo-sintático que expressa a suavidade de sua formação.
Antes de tudo: um gesto de Amor a história secreta da Amazônia!
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