quinta-feira, 15 de agosto de 2013

AS AMAZONAS 11


Pablo Cid (Moacyr Rosas, 1918-1998) As amazonas amerígenas 11


Muito se tem escrito sôbre a fonte dos famosos talismãs, sem, contudo, qualquer uma das suposições ter o mérito de ser concludente. Admite-se a forte hipótese de que sua jazida está no Turkestan chinês, sendo sua manufatura destinada a grandes colares que se acumulavam, enriquecendo o patrimônio dos antigos mandarins e do soberano do antiqüissimo império. O famoso etnólogo brasileiro Barbosa Rodrigues fundou sua teoria nesta conjectura que por sua vez é calcada nos trabalhos do conselheiro Fischer, que explica a vinda de tais amuleto dependurados aos pescoços dos componentes das grandes ondas humanas que desceram das frias escarpas do Tibet, dos gelados dorsos do Pamir e da acidentada Mandchúria e atravessaram a pé enxuto o lugar, hoje denominado estreito de Behring.
A maioria dos amazonólogos, porém, não crêem na sua descendência asiática, mas amazônica, estando ainda aberta a questão de saber verdadeiramente onde está o seu leito geológico. Este heróico mineral tem sido achado na América do Norte, em algumas paragens da América Central e em muitas regiões da América Latina. Os numerosos talismãs que apresentam a forma de rã tanto se têm encontrado na Venezuela como na América Central. Ora, se êstes amuletos eram presentes que as queridas filhas dos Trópicos davam como mimos, numa concludente prova de alegres afetos daquelas poucas noites passadas em comum, aos bravos selvagens de determinadas tribos, como foi, todavia, possível, aos muiraquitãs locomoverem-se a paragens tão diversas? É certo que a resposta pode ser arquitetada fàcilmente, estribada no fator -tempo. Mas outros pretendem explicar a seu modo. Assim, Heriarte, reportando-se aos contos mitológicos dos Xágaba, explica que a rã verde corria à semelhança de moeda para comprar mulheres. Em Forschungsreise zu den Kágaba, Konrad Theodor Preuss descreve uma interessante lenda da tribo chibcha da Serra Nevada de Santa Marta (Colômbia) em que depois do colorido prelúdio o sol pede em casamento a filha do pajé, e êste, por sua vez exige que lhe pague uma rã de pedra verde e outra de pedra vermelha.
Outros ainda dizem que os chefes dos Tainan usavam-nas para minorar as dores das espôsas durante o parto.
Se estas coisas têm algo no fundo de veracidade, por que não acreditar na sua perambulação? Eu, pelo menos, não me recuso a acreditar. Nem sempre os Tomés são os mais sensatos. O local da origem do artefato, afirma Franz Heger, é completamente desconhecido. No baixo Amazonas, nas proximidades de Óbidos, entre as fozes ~dos rios Nhamundá e Tapajós, perdidos nas alvas e rebulhantes areias das praias do soberbo Amazonas, tem-se descoberto êsse mineral. Eis a razão por que: C. H. de Goeje (Oudheden uit Suriname) acredita: ‘parece bastante seguro que na região do Amazonas, entre o rio Yamundá e o rio Tapajós, havia um centro de distribuição dêsses objetos”.
Fiquemos, pois, com a crença, uma vez que não nos foi possível descobrir a realidade confortadora.



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