sábado, 24 de agosto de 2013

As amazonas amerígenas


Pablo Cid (Moacyr Rosas, 1918-1998) As amazonas amerígenas




Pergunta Gonçalves Dias: se fôssem elas fecundadas no mesmo período do ano, caso aliás possível, como poder-se-iam defender de uma agressão dos seus inimigos nos últimos meses de gravidez?
Conversando certa vez com um etnólogo ilustre, Professor Harald Schultz, a respeito destas mulheres, êle, a dado momento, ex-abrupto inquiriu:
- Voce crê na existência das Amazonas?
Vacilei e demorei um pouco a resposta. Ora, eu tinha escrito êste trabalho, justamente para provar que foi uma realidade a existência das amazonas amerindias. Moveu-me o desejo, antes de encetá-lo, de apresentar provas irrefutáveis, não arquitetadas por mim, mas fundadas em fatos. Que encontrei? Sábios e escritores com opiniões divididas: muitos dando crédito e alguns negando. Como história, todavia, não é dogma que se fundamenta na crença para aceitar ou não, minha opinião, depois desta cansativa pesquisa sôbre as amazonas, nada pode significar. E noto ainda: quanto maior é a distância da época em que a notícia de seu reinado adveio ao conhecimento da cultura européia, tanto mais os perquiridores vão tornando-se indecisos. Humboldt, La Condamine, Steinen não encontraram provas concludentes, mas se declararam inclinados a aceitá-las. Já não se deu o mesmo com os poetas de raça, tais como Gonçalves Dias e Olavo Bilac, que trataram o assunto como lenda. E eu que estou mais distante ainda, devendo por isso mesmo ser mais cauteloso, respondi, então, ao Dr. Harald Schultz:
- Não.
- Pois eu creio. Afirmou o ilustre etnólogo.
E explicou-me que a região, onde se acredita tenha existido o império das amazonas, é desconhecida e ainda não explorada. Vinte anos na selva, em completo abandono, seriam bastante para sepultar qualquer cidade. Um silvícola disse-lhe uma vez que sabia onde estavam as ruínas de tal reinado. Mas, como êle estava de regresso a São Paulo, não pôde verificar a região apontada pelo amerígina. Tempos depois, procurou o aborígina e não o encontrou. Assim, o etnólogo ficou com a crença de que existiram as Amazonas ameríginas, e nós com a convicção de que elas constituem apenas uma fábula encantadora.




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