Maria Bethânia e Cleonice Berardinelli fazem leitura de Fernando Pessoa na Flip
Por , especial por Aline Viana |
A mesa foi uma das primeiras a ter os ingressos esgotados, superou as expectativas do público e gerou longa fila
Para quem acredita que não há leitores de poesia, a noite desta sexta-feira na Festa Literária de Paraty foi uma forte prova contra essa convicção. Nem mesmo o frio da noite desanimou as dezenas de pessoas que aguardavam há quase uma hora para ver a mesa em que a cantora Maria Bethânia e Cleonice Berardinelli (ou carinhosamente Dona Cléo), professora e membro da Academia Brasileira de Letras, fariam a leitura de poemas do escritor português Fernando Pessoa.
Saiba tudo sobre a Flip A analista de sistemas Guiomar Freitas contou que sua espera começou às 09h57 do primeiro dia de vendas dos ingressos para a Flip. “Liguei para a empresa e atendente falou que só poderia vender a partir das 10h, daí ficamos conversando até dar o horário. O que me atraiu foi o (Fernando) Pessoa. Já vi a Bethânia declamando e acho que vai ser muito bom”, comentou ela, que estava quase no fim de uma gigantesca fila para a tenda dos autores.
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Já a estilista Manuela Lacombe estava na fila do último minuto, na qual há venda de possíveis assentos remanescentes e, com um ingresso na mão para a tenda do telão, torcia por conseguir outras duas entradas para os amigos. “Eu sou apaixonada pela obra do Pessoa e pela Bethânia também. Só de escutar (a declamação) eu já estaria bem, mas espero que ela fale algo a mais”, disse.
Quinze minutos depois, o público entra e Manuela e os amigos são informados de que não há lugares nem de “último minuto” – todos seguem então rumo à tenda do telão, de onde, mesmo de fora, é possível acompanhar a transmissão das mesas da Flip.
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Os poemas declamados pelas duas mulheres foram, nas palavras de Dona Cléo, um “breve passeio de Álvaro de Campos até Fernando Pessoa, passando por Alberto Caieiros, Ricardo Reis e pelo ortônimo (o próprio autor). Fernando Pessoa é apenas um membro dessa família que ele mesmo criou”. Os momentos de leitura dos textos “Poema em linha reta”, “Autopsicografia” e “Todas as cartas de amor...” levantaram a plateia.
Se as expectativas estavam dirigidas à Bethânia, foi Dona Cléo quem definitivamente conquistou o público durante a etapa em que respondeu às questões da plateia. Perguntada se tinha um heterônimo preferido, disse ter a todos eles um “amor de mãe”, que não tem filho preferido. Segundo ela, isso se dá porque Fernando Pessoa já era um poeta maduro, em sua concepção, desde seu primeiro poema; e também porque há ainda há muito material inédito no espólio do poeta, guardado na Biblioteca Nacional de Portugal.
A professora ainda contou como descobriu Fernando Pessoa por um professor da antiga Universidade do Brasil, atual UFRJ, Segundo Dona Cleo, o mestre se espantou ao saber que ela desconhecia o autor português e prometeu discutir a obra com ela, depois da leitura. “Conversamos sobre Pessoa até a morte dele”, concluiu.
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